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Sentimento de melancolia e dúvida a respeito do sentido do mundo e da vida, resultante da contemplação da insensatez e do absurdo do Ser. É particularmente evidente na literatura e mitologia germânicas.

A literatura de cariz pessimista apresenta e acentua o lado escuro de dor e sofrimento da existência terrena, valorizando o lado optimista da vida no Além. As suas raízes encontram-se na lírica eclesiástica sobre a expiação dos pecados e consequente necessidade de penitência, na Dança Macabra e no milenarismo da Idade Média, que preconizavam a evasão do mundo terreno, deixando entrever o resplendor do outro.

Suplantado pelo optimismo próprio da Renascença, reaparecerá, com todo o vigor de quem desperta de séculos de dormência, na literatura do Romantismo sob o epíteto de Pessimismo.É Jean Paul quem pela primeira vez cunha a noção de Weltschmerz na obra Selina. Byron, Musset, Lenau, Büchner, Grabbes, Heine e tantos outros acusam o tédio da vida e a náusea do mundo. Sentimentos que varrem a Europa Romântica, desaguando nas correntes filosóficas niilistas e em Die Welt als Wille und Vorstellung (1819) de Schopenhauer, onde se postula que o indivíduo tem uma vontade cega (“Wille”) que o escraviza à sua natureza e emoções, sendo, por isso, a felicidade uma ilusão. O Pessimismo francês e russo de autores como Balzac, Flaubert, Zola, Tolstoi e Dostoievski, alentado pelo Naturalismo, conduz ao Pessimismo Social da lírica dos pobres e miseráveis (“Armeleutedichtung”). Por outro lado, Verlaine, Maupassant e Strindberg, entre outros, operam a lírica da decadência e de fin-de-siècle.

Toda esta literatura de Weltschmerz, da qual não se pode alhear Kafka, mostra ameaçadora e alarmantemente a naturalidade do Pessimismo, da agonia e da dor do mundo, se bem que não se desligue da busca incessante, e quem sabe se infutífera!, da solução redentora. É o Pessimismo na sua forma mais pura que desembocará no Existencialismo de Jean Paul Sartre no séc. XX.

{bibliografia}

B. G. Lyons: Voices of Melancholy (1973); C. Hentschel: The Byronic Teuton: Aspects of German Pessimismus (1931); Erika Holzer: “Der Weltschmerz”, in Das Bild Englands in der deutschen Romantik (1951); Roy C. Cohen: “Grabbe’s Don Juan und Faust and Büchner’s Danton’s Tod: Epicureanism and Weltschmerz”, PMLA, nº 82 (1967); Solomon Liptzin: “Weltschmerz and the Social Lyric”, in Lyric Pioneers of Modern Germany (1928); W. A. Braun: Types of Weltschmerz in German Poetry (1966).