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Curto poema humorístico que tem origem na literatura oral inglesa. Em regra, inicia-se ironicamente com a fórmula: “Era uma vez…” . Graficamente, está disposto em quatro ou cinco versos e com um esquema rimático a a b b a ; o metro acentual do limerick cria um ritmo acelerado que precipita a linha narrativa para o último verso, onde o suspense é apaziguado num final surpreendente. O rígido esquema formal do limerick inspirou o vitoriano Edward Lear para os seus livros de nonsense. Impulsionado pelo sucesso de Lear, o limerick conheceu uma divulgação invulgar na Inglaterra oitocentista, originando, nos anos sessenta, um “surto” do limerick como jogo de sociedade. Evoluindo gradualmente para fins satíricos e de publicidade, o limerick nunca perdeu a sua ligação com a literatura do nonsense e é ainda hoje definido pelo Oxford English Dictionary como “uma forma em verso do nonsense”. A origem do nome limerick é incerta . Só se sabe que o termo começou a ser usado depois da prática se ter implementado na cultura popular. Também ainda não foi possível estabelecer uma ligação satisfatória entre o limerick e a cidade irlandesa do mesmo nome.

No século XX, o limerick é sobretudo usado na pornografia, um campo a que esteve talvez sempre ligado (Legman: 1976). Mas é sobretudo nos meios académicos que o limerick tem sido popular como paródia de teorias filosóficas, matemáticas, etc. Tão divulgada se tornou a prática do limerick nas universidades que a forma já foi chamada “o folclore do intelectual” (Baring-Gould: 1969).

Em parte devido às traduções dos livros de nonsense de Edwar Lear, o limerick introduziu-se noutras línguas e deixou de ser um fenómeno exclusivamente inglês.

No romance Small World (1984), David Lodge parodia este tipo de composição, jogando inclusive com o nome limerick, que transforma em nome de uma instituição universitária imaginária: “Nem sequer sei quem você é! – Curvou-se para ler o distintivo na lapela de Persse. – University College de Limerick, hã? – comentou com um olhar malicioso. – Era uma vez um jovem professor de Limerick…, todos lhe devem dizer isso!”(O Mundo É Pequeno, Círculo de Leitores, Lisboa, 1993, p.18).

Serve de exemplo de um limerick no “folclore intelectual” inglês o seguinte texto de A. G. Reginald:

There was a young Lady named BrightWhose speed was faster than light,- She went out one day,- In a relative way,- And returned the previous night

{bibliografia}

Cyril Bibby: The Art of the Limerick (1978); G. Legman: The Limerick, 2 vols. (1976); W. R. Baring-Gould: The Lure of the Limerick (1969).