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O leitor informado foi definido por Stanley Fish como alguém dotado, simultaneamente, de competência linguística (o “conhecimento semântico” de que faz uso um ouvinte adulto para compreender uma mensagem) e de competência literária (o “conhecimento interiorizado das propriedades do discurso literário”) (“Literature in the Reader: Affective Stylistics”, 1970). Apesar de não parecer possuir quaisquer qualidades supra-naturais, este leitor informado não corresponde a nenhum indivíduo em particular, mas é antes uma espécie de ideal, “nem uma abstracção, nem um leitor vivo e concreto, mas um híbrido – um leitor real (eu) que faz tudo o que pode para se informar”.

Apesar de ser uma entidade aparentemente ideal, semelhante ao super-leitor de Michael Riffaterre, o leitor informado não só é uma entidade irremediavelmente limitada pelo sistema linguístico e literário a que está sujeito, como acaba por estar igualmente dependente da própria estrutura textual, que afinal não é “fabricada” por ele, como Fish pretendeu, mas existe enquanto objecto, senão anterior à leitura, pelo menos superior à capacidade deste leitor de lhe desvendar todos os segredos, como o mesmo teórico mais tarde admitiu. Simplesmente porque qualquer a estrutura textual está sempre para além das limitações do código particular com que o leitor informado se identificou e para o qual está “programado”.

{bibliografia}

Stanley Fish, “Literature in the Reader: Affective Stylistics”, New Literary History, 2 (1970); Michael Riffaterre, “Describing Poetic Structures: two approaches to Baudelaire’s Les Chats”, Yale French Studies, 36/7 (1966).