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Termo das belas-artes que alguns críticos literários utilizam para se referirem, por uma única característica, às duas principais tendências do barroco literário: o cultismo e o conceptismo. António Sérgio adopta o termo para traduzir um género comum às duas tendências: “o gosto de surpreender e de ser excêntrico, a vontade ‘preciosa’ de se distinguir do vulgo” (“A propósito de dois jesuítas”, in Ensaios V, 2ª ed., Lisboa, 1981, p.91). Sérgio considera dois tipos de barroquismo: o cultista (do “artista imagético”) e o conceptista (do artista intelectual). O barroquismo é identificável um pouco por todas as literaturas: “nos cantos islandeses, na literatura dos Celtas, na poesia dos Árabes, no trobar clus provençal, no eufuísmo inglês, no preciosismo da França, no maneirismo da Itália, – e até, na Antiguidade, na fase alexandrina da literatura grega…” (ibid., p.90).

Jorge de Sena, em “Maneirismo e barroquismo na poesia portuguesa dos séculos XVI e XVII”, publicado originalmente na Luzo-Brasilian Review, 2, 2 (1965), já utiliza o termo como se estivesse validado historicamente. Não distinguindo o conceito proposto por António Sérgio do conceito universal de barroco, Jorge de Sena traça assim os seus limites: “O barroquismo, em que, naturalmente, tanto maneirismo se insinuará sempre, será precisamente a reversão da alienação sacrificial representada pelo maneirismo. É todo o caminho que, na escultura, podemos ver do ‘David’ de Miguel Ângelo, passando pelo ‘Sansão’ de Giovanni Bologna e pela ‘Pietá’ final do mesmo Miguel Ângelo, até ao ‘Neptuno’ de Bernini e à sua ‘Santa Teresa’, cujo manto esvoaçante a liberta de tudo o que a ascensão dolorosa das Moradas havia sido.” (p.41).