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Expressão
inglesa (“fantasia heróica”, em tradução sem testemunhos
relevantes nas literaturas de expressão portuguesa) atribuída a
Lin Carter para referir um sub-género da literatura fantástica
caracterizada pelo protagonismo de um herói aventureiro que
parte à conquista de reinos distantes, imaginários, intemporais
ou excêntricos e cuja missão é invariavelmente combater as
forças do mal.

Este ponto de partida estereotipado, cujo padrão se adivinha
quase sempre nas primeiras páginas dos romances, está bem
presente na obra de ficção de Lin Carter que inclui títulos como

Thongor Against the Gods

(1967), Tower at the Edge of Time  (1968),

The Quest of Kadji

(1971),

Outworlder
(1971), etc. Outros autores que produziram ficções de heroic
fantasy são, por exemplo,

William
Morris, T.H. White, J.R.R. Tolkien, Lloyd Alexander, Ursula K.
Le Guin, Katherine Kurtz, Terry Brooks, Stephen Donaldson, David
Eddings, Robert Jordan, Katharine Kerr, etc.

           
O género está devidamente divulgado na literatura vitoriana.
Existia a convicção de o homem ter chegado a um auge
civilizacional, o que despertou a saudade por formas mais
primitivas e simples de vivência social.
Andrew Lang, com The Romance of the First Radical (1886),
e Henry Curwen, com Zit and Xoe (1887), são dois exemplos
de heroic fantasy que escolhem a Idade da Pedra como
cenário histórico privilegiado. Sir H(enry) Rider Haggard
inventou igualmente um herói fantástico, Allan Quatermain, no
livro de aventuras King Solomon’s Mines (1885),
traduzido/adaptado por Eça de Queirós (As Minas de Salomão).
A obra-prima de J. R. R. Tolkien The Lord of the Rings
(1954-56) é outro exemplo maior deste género de literatura, para
muitos o seu primeiro grande momento moderno. Na literatura
latino-americana, são também exemplos notáveis as narrativas
fantásticas de Jorge Luís Borges em Ficções (1944), cujos
heróis não raro são as próprias ideias em vez de personagens de
carne e osso e poderes mágicos, e as obras primas de Gabriel
Garcia Marquez, Cem Anos de Solidão (1970) e O General
no Seu Labirinto
(1990), romances de matriz histórica mas
com um pendor forte para o realismo mágico das suas histórias de
misérias humanas e políticas.

           

Distinguiremos este tipo de literatura da chamada ficção
científica porque os cenários de uma heroic fantasy são
incompatíveis com a complexidade tecnológica e com a
mundividência desenhada nas muitas obras de S&F. O cenário da
heroic fantasy
é muitas vezes de natureza mágica e exótica,
pode recuar no tempo para reconstruir o ambiente das guerras
medievais entre as trevas e a luz divina ou mesmo recuar a
tempos pré-históricos para recuperar figuras da mitologia
ancestral que simbolizema eterna luta entre o bem e o mal. Neste
sentido, não é totalmente incorrecto ler as histórias de deuses,
como a Teogonia, de Hesíodo, como exemplos primeiros de
heroic fantasy, sub-género que convém distinguir de
outros semelhantes na temática como as novelas de cavalaria,
novelas de capa e espada, romances históricos ou mesmo
narrativas tradicionais de pendor fantástico.

{bibliografia}

Lin Carter, Imaginary Worlds: The Art of Fantasy (1971); L. Sprague de Camp, Literary Swordsmen & Sorcerers: The Makers of Heroic Fantasy (1976); Stuart W. Wells: The Science Fiction and Heroic Fantasy Author Index (1978)

http://www.violetbooks.com/heroic.html

http://saber.towson.edu/~flynn/herofan.html