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Unidade mínima de significação dentro de um campo semântico. Opõe-se a classema, que remete para características semânticas mais universais. Por exemplo, nos termos baleia e águia são semas “mamífero” e “ave predadora”, respectivamente. Situada no plano do conteúdo, corresponde ao fonema, unidade do plano de expressão. Mantendo o paralelismo entre os dois planos de linguagem podemos dizer que os semas são os elementos constituintes dos sememas, ou seja o sema não se pode realizar fora do campo lexical.

O sema não é um elemento atómico e autónomo. A sua existência reside na oposição ou afastamento de outros semas. A sua natureza é unicamente relacional e não substancial e o sema não se pode definir como um termo confinante da relação que se instaura e que se apreende com outro termo do mesmo denominador comum. Isto é, pertence a um conjunto lexical chamado micro-sistema. Pottier exemplifica esta característica do sema do seguinte modo, [p] e [b] têm em comum os traços «bilabialidade» e «oclusividade» que os distinguem de outros fonemas, mas opõem-se por um ser uma consoante surda e a outra sonora, assim como «cavalo» e «égua» têm em comum traços que os distinguem de outros signos, mas opõem-se entre si por serem «macho» e «fêmea», como «cadeira» (oposição nos traços «animado» vs. «não animado»). Esta análise que permite ver a distinção semântica e realçar os semas chama-se análise sémica.

À semelhança da análise sémica, a fonologia, que se baseia nas mesmas hipóteses de modo a permitir realçar os traços distintivos dos fonemas, isola os traços que são simultâneos à realização de um fonema ou de uma unidade lexical. No caso dos semas, estes traços pertencem à substância do conteúdo enquanto os fonemas pertencem à substância da expressão.

Pottier propõe várias subcategorias de semas. Segundo este autor, podem distinguir-se: (i) os semas constantes (específicos e genéricos), que pertencem à denotação e são um subconjunto de semas do semema que constituem o semantema, e (ii) os semas variáveis ou virtuemas, que pertencem à conotação e são um subconjunto de semas do semema que constituem o classema. Por exemplo, «cavalo» teria por semas constantes específicos: «animal», «mamífero», etc. e constantes genéricos: «animado» e «não humano» e por semas variáveis: «força», «útil», etc.

O sema não é aceite sem alguma crítica por parte de alguns linguistas como Perrot, que o rejeita como sendo traço distintivo, visto que não há nenhum critério formal no qual se possa basear tal análise. Dubois, menos categórico na sua crítica, chama a atenção da análise das estruturas sociais em vez das linguísticas. Quando estudou o campo semântico dos animais domésticos, reconheceu que o critério usado foi heterogéneo (linguístico, biológico e social) e o critério de escolha foi subjectivo. Isto levanta uma questão relativa ao status do classema, interessando saber se ele é espacial ou temporal ou do domínio do imaginário.

A noção de sema põe problemas teóricos e práticos que ainda não estão resolvidos, apesar disto a análise sémica ajuda-nos a esclarecer, essencialmente, os problemas de compreensão, limitando-se ao estudo dos traços pertinentes de modo a facilitar a aprendizagem de vocabulário.

{bibliografia}

A J. Greimas, Semântica Estrutural, São Paulo (1976); Bernard Pottier, Linguística Geral: teoria e descrição, Rio de Janeiro (1978); D.Coste, R Gallisson, Dicionário de Didáctica das Línguas, Coimbra (1983); Joseph Courtés, “Componente Sintáctica” in Introdução à semiótica narrativa e discursiva, Coimbra (1979); J. Courtés, A J.Greimas, Sémiotique. Dictionnaire raisonné de la théorie du language (1979); Hadumod Bussmann, Routledge Dictionary of Language and Linguistics (1996); Hildo Honório do Couto, “Cenário” in Uma Introdução à Semiótica (1983); R. E. Asher, The Encyclopedia of Language and Linguistics (1994); Umberto Eco, “Teoria dos códigos” in Tratado Geral de Semiótica, São Paulo (1980).