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Pela etimologia (do gr. kakoethes, pelo latim cacoethes), um cacoete refere-se a um mau hábito físico ou moral. Pode-se dizer também da palavra ou expressão espúria que se torna comum no discurso de alguém, que a repete sem atender à sua adequação ao discurso e ao contexto. Por outro lado, também se pode aplicar à recorrência de certas formas lexicais que abundam na obra de um autor, sobretudo quando têm uma função crítica para denunciar trejeitos ou peculiaridades de certas personagens. Por exemplo, é conhecida a apetência de Eça de Queirós pelo uso do superlativo para parodiar certas personagens, quando sabemos que tal uso havia sido privilegiado pelo romantismo como forma de expressão do sublime: em A Relíquia, por exemplo, encontramos o “torpíssimo padre Negrão”, “uma espanhola deleitosíssima”, o “sapientíssimo Topsius”, o “humaníssimo Topsius”, o “misérrimo Raposo”, “o pelintríssimo Raposo”, “a minha tia devotíssima”.