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Representação teatral onde se alternam vários estilos: a declamação, o canto, a música, o diálogo; e cujas origens remontam à sociedade espanhola do século XVII.

A denominação zarzuela, procede do nome de um pequeno palácio mandado erigir pelo cardeal Infante D. Fernando, irmão de Filipe IV, no Monte do Prado, nos arredores de Madrid. O dito palacete de La Zarzuela , local de residência temporária do Rei e da corte espanhola, era palco para a celebração de representações de diversos tipos (éclogas, loas, farsas, comédias com música ) cuja característica comum era a alternância entre o canto e a declamação, baseadas em histórias de lendas e heróis da mitologia, em cenas épicas e de aventuras.

As primeiras zarzuelas que se conhecem são as de Pedro Calderón de la Barca: El jardin de Falerina(1649), El Golfo de las Sirenas (1657) e El laurel de Apolo (1657), tendo sido as mesmas apelidadas por alguns estudiosos do género, como sendo as antecessoras da ópera.

Misto de comédia e fábula, de imitação, canto e representação, a zarzuela distancia-se da sua época áurea, o século XVII e vai adquirindo um carácter mais popular ao longo do século XVIII, sendo introduzidos quadros que retratavam costumes e hábitos, transmissores de um tom mais realista.

São conhecidos dois tipos de Zarzuela: a zarzuela grande, constituída em actos e com uma grande intenção dramática, à semelhança da ópera e operetas vienenses e o género mais pequeno conhecido como zarzuelita, composição mais reduzida e que visa o cómico. Ambos os tipos têm como objectivo captar e dominar imediatamente a atenção do espectador utilizando para isso o absurdo, o fantástico e aspectos melodramáticos relativos à história que conta, aliados aos actos de cantar, improvisar e dialogar com a própria audiência.

Ao longo do século XIX, o auge e a exuberância da ópera italiana abafaram de certa forma a zarzuela relegando-a para um segundo plano, tendo desabrochado mais tarde com a Restauração Espanhola.

Durante um largo período que vai desde os finais do século XIX até meados dos anos trinta do século XX a zarzuela esteve activamente desperta para um público entusiasta. Como exemplo salientam-se, de acordo com uma ordem cronológica: Gigantes y cabezudos (1898, de Fernández Caballero), La alegria de la huerta (1900, de F. Chueca), El barquillero (1900, de R. Chapi), Bohemios (1904 de A. Vives), La patria chica (1907, de Chapi), Las golondrinas (1914, de J.M.Usandizaga), Doña Francisquita (1923, de A.Vives), La pícara molinera (1928,de P. Luna), La rosa del azafrán (1930, de J. Guerrero), Adiós a al Bohemia (1933, de P. Sorozábal), entre outras. A temática que presidia a estas peças era variada, indo desde os típicos quadros madrilenos até revistas, operetas e paródias.

O século XX veio revalorizar o prestígio literário de um género que tinha sido muitas vezes desprezado e ignorado em épocas anteriores. A zarzuela recupera o seu prestígio pela mão de autores conceituados como é o caso de Rubén Dario, que considerou os autores de algumas peças atrás mencionadas como inovadores no que diz respeito ao ritmo poético, de P. Salinas e F. Nieva que se interessaram pelo estudo da zarzuelita e ainda de críticos como A. Zamora Vicente, que encontrou vestígios deste género em peças de teatro popular e em autores como Valle-Inclán.

De uma forma geral, a zarzuela representa um sub-género teatral que deve ser valorizado com a mesma consideração de outras modalidades teatrais que vincaram na Europa tais como : a ópera cómica francesa e italiana, o singspiel alemão e a opereta vienense, com a qual divide a sua configuração, ou seja a alternância entre canto, música e declamação.

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