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[aubade, em prov.; Tagelied, em al.] Cantiga que tem por tema o amanhecer e a consequente separação dos amantes, que amaldiçoam a brevidade da noite. Pode ser encontrada em quase todas as literaturas. Na lírica galego-portuguesa, encontram-se exemplos nas cantigas de amigo, aparecendo a composição de Nuno Fernandez Torneol, Levad’amigo que dormides as manhanas frias, como a obra-prima do género entre nós. (De notar que estudiosos como Giuseppe Tavani concluíram que esta cantiga não tem todas as marcas que caracterizam a alba provençal, como o grito do vigia a alertar os amantes ou as imprecações contra o amanhecer.) Na Alemanha e em Inglaterra, podemos registar albas já em Wolfram von Eschenbach e Chaucer, respectivamente. John Donne escreveu “The Sunne Rising” e Shakespeare introduz uma alba em Romeu e Julieta (Acto III, cena v). Muitos poetas contemporâneos retomam o género em versões modernas, como Aubade (1940) de William Empson. Nos Inéditos publicados no segundo volume de O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (1993), Natália Correia incluiu uma “Alba”, que começa assim: “No laranjal laranjedo / A lua florida estava. / Sonhando estava o guerreiro / Que em meus braços repousava. / Comigo sonha o guerreiro, / Não venha acordá-lo a alva.”

 

Bibliografia:

 

Alfred Jeanroy: Les Origines de la poésie lyrique en France au Moyen Âge (1969, 1ªed.: 1889); Eugenio Asensio: Poetica y realidad en el Cancionero Peninsular de la Edad Media (1957); Giuseppe Tavani: Ensaios Portugueses (1988); M. Frappier: La Poésie lyrique en France aux XIIe et XIIIe Siècles: Les Genres (1949); Rodrigues Lapa: Das Origens da Poesia Lírica em Portugal na Idade Média (1930).