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Figura de linguagem (também chamada de sintaxe, de gramática e de retórica) que traduz a falta de ligação entre palavras ou orações, regra geral prescindindo da conjunção copulativa. Os fenómenos contrários dizem-se síndeto e polissíndeto. Um dos exemplos clássicos de assíndeto é a afirmação de Júlio César: “veni, vidi, vici”. O soneto “Hecatombe métrico” do poeta barroco Francisco de Vasconcelos (Coutinho) está construído com assíndetos: “Grita o mar, brama o fogo, silva a fera, / Chora Adão, geme o pranto, brada o rogo” (Poetas do Período Barroco, apres. de Maria Lucília Gonçalves Pires, Comunicação, Lisboa, 1985, p.312).

O efeito estilístico esperado com o recurso ao assíndeto é o da ênfase nos principais termos de uma frase. Aristóteles recomenda este recurso apenas para os discursos orais (cf. Retórica, 1413b), mas a força dramática que destaca no seu uso adequado (com variação do tom das frases sem conectores), é também possível de se atingir na escrita. Sem os conectores, várias orações podem fazer convergir a atenção do leitor para os nomes ou verbos que se querem ver destacados. Certos provérbios, por exemplo, ganham muito com o assíndeto: “Casa roubada, trancas na porta.” A concisão que se obtém com o assíndeto é outra das vantagens estilísticas, desde sempre recomendada pelos tratadistas de retórica. Demétrio chega a observar que o assíndeto é adequado a um estilo elevado que procure a dignidade da expressão literária. Também a ritmo das frases pode ser afectado, por excesso, com o recurso ao assíndeto.

 

Bibliografia:

 

Elizabeth Blettner: “One Made Many and Many Made One: The Role of Asyndeton in Aristotle’s Rhetoric”, Philosophy and Rhetoric, 16, 1 (1983).