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Os mais importantes teóricos do tema têm procurado definir com exactidão o termo “bibliografia”. Para Louise-Noëlle Malclès, citada por Jorge Peixoto, a bibliografia “é a busca, transcrição, descrição e classificação dos documentos impressos com o objectivo de constituírem instrumentos de trabalho intelectual chamados bibliográficos ou bibliografias” (p. 27). Justo Garcia Morales critica esta perspectiva por “excluir totalmente (…) todas as tentativas bibliográficas que se fizeram antes do livro impresso” (p. 28). Theodore Besterman resume a questão ao definir bibliografia simplesmente como “lista de livros estabelecida segundo um princípio director constante” (p. 29).

Podemos, então, afirmar que, em termos genéricos, o vocábulo “bibliografia” possui os seguintes significados: (1) descrição material, sistemática e histórica dos livros e outros materiais gráficos enquanto objectos físicos, nomeadamente quanto à sua descrição externa (edição, papel e tipo) e classificação; (2) listagem ordenada de livros, ensaios e monografias acerca das obras de determinado autor ou assunto; e (3) secção de um jornal ou revista destinada à recensão crítica das obras publicadas. Originalmente, “bibliographía”, palavra grega, significa transcrição de livros, sendo composta por “biblíon”, livro, e por “graphein”, escrever. O seu significado era o de “escrever livros”. Apenas a partir do século XVI passou a ter o significado de “escrever sobre livros”.

Para Louise-Noëlle Malclès, existem dois géneros de bibliografias: gerais, que abordam todos os temas, e especializadas, que tratam de um único assunto ou de assuntos relacionados. Em função da língua dos textos, cada género subdivide-se em: repertórios internacionais ou universais, e repertórios nacionais. Quanto à sua natureza, a bibliografia pode ser: activa, quando redigida em primeira mão; passiva, quando se refere a obras sobre a bibliografia activa; sinalética, quando apenas se limita a enumerar os autores e títulos das obras, com indicações muito exactas que permitem uma fácil identificação; analítica ou anotada, quando a descrição técnica do livro é acompanhada pela análise ou resumo do texto; crítica, quando a análise ou resumo contém julgamentos de valor; descritiva, quando é acompanhada de descrições do exemplar (p. ex., papel, elementos tipográficos, etc.); exaustiva, quando apresenta uma pesquisa completa de textos sobre um determinado tópico; selectiva, quando os textos são seleccionados com base em critérios específicos, como o valor, a antiguidade, etc.; retrospectiva, quando os textos listados remontam a um período anterior à data actual; e periódica ou corrente, quando os textos listados datam da semana, mês, ou ano em curso. Quanto à ordem, as bibliografias podem apresentar-se de forma cronológica, alfabética ou sistemática (ou metódica, por distribuição em secções de um sistema seleccionado de classificação).

Um marco importante na história da bibliografia é a reunião da Conferência Internacional de Bibliografia, realizada em 1895, em Bruxelas, e que teve como objectivo estabelecer as bases para a coordenação, classificação e constituição de um repertório bibliográfico universal.

A primeira bibliografia geral portuguesa, a Biblioteca Lusitana, foi elaborada por Diogo Barbosa Machado e publicada entre 1741 e 1758. Um século mais tarde, Inocêncio Francisco da Silva inicia a publicação do Dicionário Bibliográfico Português, obra que teve diversos continuadores.

{bibliografia}

MALCLÈS, Louise-Noëlle, Manuel de Bibliographie, 2ª ed., Paris, PUF, 1969; PEIXOTO, Jorge, Técnica Bibliográfica: Subsídio para a Bibliografia Portuguesa, 2 vols., Coimbra, Atlântida, 1961-1962