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Conversa formal entre um inquiridor e um indivíduo de quem se pretende saber alguma coisa em particular. O objectivo de uma entrevista é o de dar a conhecer a personalidade de uma figura pública, de um candidato a um emprego, de um artista, de um profissional exemplar, de um autor desconhecido, de um autor conhecido que acabou de publicar uma obra nova, etc. O entrevistador deve dar liberdade de expressão ao entrevistado para que ele possa contar a sua própria história e/ou revelar as suas ideias sobre um assunto em particular ou sobre assuntos de carácter geral. Podemos considerar o objectivo nobre da entrevista — o de informar — um objectivo pragmático, cuja eficiência dependerá muito das questões apresentadas ao entrevistado. A forma de orientar uma entrevista dependerá muito do fim imediato: uma entrevista profissional, como a que procura determinar o perfil de um candidato a um emprego, concentrar-se-á na experiência profissional, no percurso académico, nos interesses gerais e particulares, na motivação do candidato entrevistado; uma entrevista literária, pode colocar a ênfase nos processos de produção artística do entrevistado, em aspectos biográficos, em histórias particulares de interesse cultural, em ideias formadas pelo autor que se quer conhecer melhor. Não é possível determinar à partida todas as respostas que esperamos de um entrevistado. Existe sempre uma margem de improvisação que é importante para ser avaliada quer pelo entrevistador quer pelo entrevistado. Uma entrevista demasiado dirigida e com respostas controladas na sua extensão discursiva pode condicionar o êxito e o interesse da conversa. A extensão de uma entrevista está naturalmente determinada pelo fim a que se destina e pelos meios de produção que a sustentam. No caso da entrevista literária, pode ir desde uma simples entrevista de uma  página de jornal, a uma obra de grande fôlego e preparação metódica como Diálogo com José Saramago (1998), por Carlos Reis. Neste caso, a entrevista torna-se um elemento bibliográfico decisivo para a compreensão da obra de um escritor, pois existem as condições necessárias de tempo e de espaço de reflexão para que o autor possa alongar-se em explicações auto-hermenêuticas, em explicitações da sua produção textual, em esclarecimentos biobibliográficos, em desenvolvimentos da sua ideologia.

bibliografia

Cremilda de Araújo Medina: Entrevista: O Diálogo Possível (1995); Guy Delaire: A Entrevista nos Exames e Concursos (Porto, 1993); Janis Grummit: Saber Entrevistar (Mem Martins, 1992); João Bosco Lodi: Entrevista: Teoria e Prática, 7ª ed. (1991); Mauricio Pilleux: “La entrevista como tipo de discurso linguistico”, Estudios Filologicos, 30 (Valdivia, Chile, 1995).