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Repetição em separado de palavra ou expressão que se escreveu ou pronunciou antes. Recurso muito utilizado, por exemplo, nos Evangelhos, permite destacar um signo importante, como na seguinte profecia: “Por isso vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que te preparei para sangue, e o sangue te perseguirá; visto que não aborreceste o sangue, o sangue te perseguirá.” (Ezequiel, 35:6). Na poesia, é também recurso frequente, sobretudo quando se pretende salientar a significação ampla de uma palavra ou expressão cujas possibilidades semânticas são exploradas em vários contextos. Veja-se este excerto de um longo poema de Álvaro de Campos, construído a partir do epânodo de vários termos, sobressaindo a imagem simbólica do navio: “Ah, navio que partes, que tens por fim de partir, / Navio com velas, navio com máquina, navio com remos, / Navio com qualquer coisa com que nos afastemos, / Navio de qualquer modo deixando atrás esta costa, / Esta, a sempre esta costa, esta sempre esta gente, / Só válida à emoção através da saudade futura, / Da saudade, esquecimento que se lembra, / Da saudade, engano que se deslembra da realidade, / Da saudade, remota sensação do incerto / …” (Livro de Versos, nº59, Círculo de Leitores, Lisboa, 1993). Também se aplica o termo quando se retoma um discurso ou um determinado tema, após uma digressão.