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Incidente que é parte integrante de uma história, possui uma unidade própria e pode ser isolado ou incluído numa série lógica de acções. Normalmente, uma história ou uma intriga de um romance ou de um conto, por exemplo, apresenta um conjunto de vários episódios ligados entre si ou não, por relações de espaço e de tempo, e que possuem alguma autonomia em relação à acção principal. Por outro lado, a construção de uma narrativa por episódios tende a diminuir o papel dominador da intriga tradicional, produzindo obras abertas como Tristram Shandy, de Laurence Sterne ou Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett. Uma grande narrativa não raro recorre à composição episódica para amenizar o relato dos acontecimentos principais ou para os completar com informações suplementares. É o caso de Os Maias, de Eça de Queirós, que apresenta o subtítulo “Episódios da vida romântica”. As novelas de cavalaria, os romances cor-de-rosa, os romances históricos, por exemplo, entre outros, recorrem quase sempre a uma estrutura narrativa episódica.

Originalmente, os episódios na tragédia grega eram em número reduzido (dois a quatro) e podiam ser entrecortados por stasima (estásimos) ou cantos executados pelo coro desde a orchestra. Eram de facto estes stasima que permitiam a separação da acção em vários episódios dialogados (aquilo que virá a ser os “actos”).

Com o desenvolvimento do cinema, da televisão e da radiodifusão, o termo episódio serve também para designar um filme de uma série (A Guerra das Estrelas, Episódio I), uma parte de um filme, um programa de uma série televisiva (Ficheiros Secretos, episódio 1, 2, …), uma unidade de uma telenovela (episódios diários, em regra), um folhetim radiofónico. Estes exemplos estão marcados por uma certa disciplina cronológica, pois os interesses comerciais e de audiências determinam muitas vezes a continuação ou a suspensão dos episódios de uma série de programas ou de filmes.

bibliografia

P. Haidu: “The episode as a semiotic module in twelfth-century romance”, Poetics Today, 4, 4 (1983)