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Termo de origem grega para uma pequena composição poética de inspiração pastoril, geralmente tratando de assuntos amorosos, religiosos ou utópicos. O lirismo destas composições é marcado pela forte afectação do discurso, repleto de confidências e pensamentos íntimos. O primeiro grande cultor deste tipo de poesia foi Teócrito, que nos legou Idílios, mas o modelo clássico mais copiado é sem dúvida o de Virgílio e as suas Bucólicas. Na poesia de Virgílio, o termo reservado para definir este tipo de composição é o de écloga, o que levou a confundir os dois géneros, bastante semelhantes no tratamento temático, mas diferentes na extensão: o idílio tende a ser mais breve e de versos mais curtos. A partir do século XVII e até ao Romantismo, registam-se nas literaturas de expressão portuguesa e castelhana variadíssimos exemplos, que concorrem com inúmeras imitações de Teócrito e Virgílio. Bocage foi um dos cultores portugueses mais encantados pela forma clássica do idílio, escrevendo composições de temas marítimo, piscatório e pastoril, como este poema dedicado à saudade pelas belezas naturais da cidade ática de Filena: “Que terna, que saudosa cantilena / Ao som da lira Melibeu soltava / O pastor Melibeu, que por Filena, / Pela branca Filena em vão chorava! / Inda me fere o peito aguda pena, / Quando recordo os ais que o triste dava, / O pranto que vertia, amargo e justo / A sombra que ali faz aquele arbusto.” (“Filena ou a Saudade”, in Opera Omnia, vol. 2, Bertrand, Lisboa, 1969, p.221). O cenário de um idílio obriga à idealização da vida campestre e ao elogio permanente dos seus atributos. O ideal de vida campestre assegura uma paz de espírito e uma serenidade de comportamento que muitos poetas não resistem a cantar, criando cenários mágicos e recorrendo a uma retórica recheada de figuras de pensamento e de linguagem.