Select Page
A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z

Termo castelhano, de etimologia obscura, para um tipo de baladas marginais, escritas em forma de romance tradicional, que se cantavam, no Século de Ouro espanhol, normalmente no intervalo dos actos das comédias ou, mais recorrentemete, no final da representação. O tema escolhido é comum, quase sempre relacionado com a criminalidade e a prostituição, e a linguagem é grosseira e obscena, em regra. Concorre com o entremez, o baile e a loa, como peça breve de encaixe num espectáculo teatral. Os seus intérpretes são músicos da companhia que representa o texto da comédia, podendo intervir, em alguns casos, actores secundários que se misturavam entre o público, para assim conquistarem a sua cumplicidade. Calderón e Quevedo deixaram exemplos, como esta carta de Quevedo, “Carta de escarramán a la Méndez” (Poesía varia, 11ªed., Francisco de Quevedo, ed. por James O. Crosby, Ediciones Cátedra, Madrid, 1997), de que transcrevemos as primeiras quadras:

Ya está guardado en la trena Tu querido Escarramán, Que unos alfileres vivos Me prendieron sin pensar.

Andaba a caza de gangas, Y grillos vine a cazar, Que en mí cantan como en haza Las noches de por San Juan.

Entrándome en la bayuca, Llegándome a remojar Cierta pendencia mosquito, Que se ahogó en vino y pan,

Al trago sesenta y nueve, Que apenas dije «Allá va», Me trajeron en volandas Por medio de la Ciudad.

—————–