Select Page
A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z

Género literário de origem grega, baseado na imitação de caracteres e de costumes de época. Na origem, tratava-se de um género menor que terá sido introduzido por Sófron de Siracusa (séc. V, a.C.), mas os mais representativos autores de mimos gregos são Herodas, que escreveu textos de carácter urbano, e Teócrito, que preferiu a temática pastoril. O mimo é depois divulgado em Roma, a partir do século II, como parte introdutória do espectáculo teatral, recorrendo a breves representações lúdicas de textos em prosa ou em verso, acompanhados com dança e música. A temática do mimo é invariavelmente a vida quotidiana. O actor imitador (mimos, em grego, mimus em latim) representa imitando os gestos, comportamentos típicos ou formas de linguagem previamente conhecidas do público, de forma obter muitas vezes o riso. A corte medieval deu um lugar de destaque a estes actores ou bufões, que animavam os serões palacianos e andavam de terra em terra. A comedia dell’arte italiana do século XVI revitalizará este género de representação.

No teatro contemporâneo, o mimo tornou-se um actor “sério”, que concentra a sua arte na expressão corporal. Não se importa com a perfeição técnica exigida, por exemplo, na dança, mas apenas o desenho de movimentos miméticos harmoniosos e próximos do real ou do objecto representado. Um dos mais famosos mimos contemporâneos, o francês Marcel Marceau, representava como se fosse um fabricante de máscaras. Numa entrevista recente, afirma: “El mimo es teatro profundo con una gran carga de corporalidad, en el que la máxima dificultad pasa por crear un mundo que no existe, por hacer visible lo invisible. Personalmente, he consagrado mi vida a crear un estilo propio, inventando una gramática y un lenguaje propio de los mimos, porque donde no hay gramática el arte no existe.” (Luke, nº 37, Março de 2003). Esta arte dramática pode ser hoje comparada àquilo que na Roma antiga se designava por pantomima, dominada por um só actor que usa o seu corpo inteiro para contar uma história sem palavras ditas.