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Existem actualmente duas teorias da significação, dificilmente conciliáveis entre si, teorias que podemos associar aos nomes de Ferdinand de Saussure (1857-1913) e de Charles Sanders Peirce (1839-1914).

Saussure e os saussurianos definem a significação como a relação diádica entre um significante e um significado, ao passo que Peirce e os peircianos entendem a significação como uma relação triádica entre três dimensões a que dão o nome de representamen, de objecto e de interpretante.

Para Saussure, a significação é convencional e imotivada, na medida em que não é fundamentada na realidade, mas resulta das relações, tanto paradigmáticas como sintagmáticas, de formas pertinentes do ponto de vista do sistema da língua. A significação impõe-se aos falantes e não depende, por conseguinte, do desempenho ou da utilização que fazem do sistema da língua. Do uso que os falantes fazem do sistema depende apenas o processo extra-semiótico de constituição da referência. O sistema da língua, por seu lado, é constituído de relações paradigmáticas e de relações sintagmáticas. Enquanto as primeiras são substitutivas e se estabelecem in absentia, isto é, relacionam as unidades presentes na cadeia sintagmática com outras unidades que com elas constituem paradigmas, as segundas são combinatórias e estabelecem-se in praesentia, isto é, associam entre si as unidades que integram a cadeia sintagmática.

Por seu lado, Peirce considerava a significação como um processo, a que dava o nome de semiose, envolvendo três dimensões: um representamen, um objecto e um interpretante:

«um signo, ou representamen, é qualquer coisa que está para alguém em lugar de qualquer coisa sob uma relação ou a um título qualquer. Dirige-se a alguém, isto é cria no espírito desta pessoa um signo equivalente ou talvez mais desenvolvido. Este signo que ele cria chamo-o o interpretante do primeiro signo. Este signo está em lugar de alguma coisa: o seu objecto. Este em lugar deste objecto, não sob todos os aspectos, mas por referência a uma espécie de ideia que designei algumas vezes o fundamento do representamen.» (Peirce, Collected Papers, 2.228)

Pelo facto de Peirce integrar na definição de signo a categoria do interpretante, a sua concepção da significação é pragmática e constitui um processo de semiose logicamente interminável.

{bibliografia}

Ferdinand de Saussure, Cours de Linguistique Générale, Paris, ed. Payot; C. Sanders Peirce, Collected Papers, Harvard Univ. Press, 8 vol., 1953-1988.