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Nas artes plásticas, é a doutrina estética surgida na Itália em fins do século XVI como reacção ao virtuosismo maneirista. No século anterior, o conceito actual de academia já se havia fixado, quando os humanistas italianos fundaram escolas de eruditos como a Chorus Academiae Florentinae, em Florença, ou a Accademia Pomponiana, em Roma. Até à fundação da Academia Francesa, criada em 1635 por Luís XIII, o academismo esteve circunscrito ao debate de questões particulares de erudição mais do que à produção de trabalho científico de interesse nacional como a criação de grandes dicionários, enciclopédias e gramáticas. Foi, por exemplo, o caso entre nós das Academia dos Generosos (1649-1668) e a Academia dos Singulares (1663-1665). De forma geral, o academismo pós-maneirista preconizava o retorno aos equilíbrios dos cânones clássicos da Antiguidade e do Renascimento, buscando uma representação ideal da natureza e do homem.

Posteriormente, fala-se em academismo sempre que se regista uma obediência rigorosa, nas letras, nas artes ou em outras áreas culturais, aos preceitos académicos ou aos cânones estabelecidos pelos mestres clássicos. Por norma, toda a oposição ao academismo resulta numa posição de vanguarda. Há, pois, um certo sentido pejorativo que pode advir do facto de a admissão a uma academia ser um processo complexo que pressupõe não só provas dadas de vasta erudição numa determinada área do conhecimento como também uma bibliografia considerável e de mérito reconhecido pela sociedade científica. Este carácter elitista e esotérico pode explicar a reacção negativa ao academismo (a própria Academia Francesa foi vista como o "hôtel des invalides de la littérature"), a que temos de acrescentar a oposição vinda de um certo anti-intelectualismo que caracteriza alguns movimentos culturais do século XX.