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Recurso retórico próximo da ironia, do eufemismo, do sarcasmo e da sátira que consiste na utilização de uma palavra ou expressão com sentido contrário àquele que normalmente denota. Pode falar-se também de antífrase quando se tenta atenuar uma ideia negativa, utilizando palavras mais optimistas. Na Grécia antiga, as Fúrias eram designadas por Euménides, isto é, “benévolas”. Exemplo semelhante regista-se na história nacional com a antífrase de D. João II, quando mudou o nome do Cabo das Tormentas para Cabo da Boa Esperança. Esta acepção da antífrase pode fazê-la confundir com o eufemismo. A diferença está em que a antífrase exagera o eufemismo quando inverte o sentido original das palavras.

A estrutura mais comum da antífrase é a que respeita a seguinte regra: o elemento positivo serve para evidenciar o valor negativo subentendido, atenuando imperfeições, faltas ou vícios. A linguagem familiar contém inúmeros exemplos: “Belo/lindo serviço!” significa que o acto cometido é reprovável e não merecedor de aplauso. Um exemplo clássico na literatura regista-se na conhecida canção IX de Camões: “Junto a um seco, fero e estéril monte, / … / Cujo nome do vulgo introduzido, / É Felix, por antífrase infelice.”