Palavra ou expressão que entrou em desuso numa língua. O arcaísmo pode ter um efeito estilístico quando ocorre para recuperar a virtualidade de um termo antigo. Tal acontece na literatura, quando um escritor insiste me não deixar morrer um termo antigo que lhe é caro por algum motivo. O romance histórico convencional tem necessidade de recuperar a linguagem da época através de arcaísmos que asseguram a cor local. Se, num texto literário, o uso de um arcaísmo não é intencional, considera-se um erro de expressão (por exemplo, hoje é difícil aceitar o uso de “quiçá”, que muitas vezes ocorre em pretensões de estilização). É necessário o leitor possuir conhecimentos de história da língua para poder avaliar o uso estilístico do arcaísmo.
Podemos distinguir arcaísmos lexicais (uso de um termo obsoleto, por exemplo: “à guisa de”, locução hoje substituída por “à maneira de”), semânticos (uso de um sentido obsoleto de um termo, como “físico” por “médico”) e gramaticais (uso de construções obsoletas, que se encontram, a título de exemplo, em abundância nas Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, que trouxe para a sua prosa um estilo muito oralizante: “Lembrou-me o rouxinol de Bernardim Ribeiro” (cap.X); “E dizem que saudades que matam” (cap.XXXVIII); “Chegue-me a Santarém, descanse, e ponha-se-me a ler a crónica” (cap.XXVI) ).
Existe ainda uma componente humorística que pode ser acrescentada ao uso estilístico do arcaísmo, traço que já Fernão de Oliveira, na sua sistematização gramatical publicada em 1536, registava. Veja-se, por exemplo, o uso de terríbil neste poema de Carlos Drummond de Andrade: “Senhor! Senhor! / quem vos salvará / de vossa própria, de vossa terríbil / estremendona / inkomunikhassão?” (Impurezas do Branco).
Antonio Elorza: Arcaismo y modernidad (1989).
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