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Termo da retórica clássica para caracterizar os textos que primam pela ausência de figuras de estilo ou que se caracterizam pela aridez da linguagem, refugiando-se em lugares-comuns. O termo pode entrar na categoria dos vícios poéticos não admitidos pelos tratadistas clássicos desde Quintiliano até aos retóricos do renascimento. O asquematisto não pode refugiar-se nas prerrogativas da licença poética, porque, salvo excepção, um texto que se afirme pela negação de qualquer originalidade ou trabalho estilístico terá dificuldades em ser literariamente apreciado, segundo os cânones retóricos. O contrário, o excesso de estilização, como foi amplamente praticado pelos poetas barrocos, por exemplo, é desde sempre igualmente reprovado pelos legisladores da arte de bem escrever. Aristóteles, na Retórica, condena o excesso de metáforas no discurso. Não que se recomende o total apagamento de figuras de estilo no discurso – nem mesmo os discursos tradicionalmente anti-retóricos como o técnico e o científico estão isentos de estilização -, porque os gregos antigos sempre recomendaram o meio termo. Contudo, na poesia minimalista no haiku ou em certa poesia da era pós-modernista, por exemplo, a tendência é precisamente para um essencialismo e concentração de ideias que se aproximam da noção de asquematisto. O livro de poemas Silves 83, de Luiza Neto Jorge, pode servir de exemplo de asquematisto, como neste poemeto sem título: “Não podendo falar para toda a terra / direi um segredo a um só ouvido” (Poesia: 1960-1989, Assírio & Alvim, Lisboa, 1993).