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Repetição de sons vocálicos em sílabas tónicas ou em palavras que terminam com diferentes sons consonânticos. Como se trata de uma justaposição ou correspondência de sons vocálicos semelhantes muito utilizada na poesia, também toma o nome de rima vocálica ou toante. Virgílio e Cícero, por exemplo, recorreram a este tipo de rima em alternativa à rima pura. O poema “Toante” (in Carnaval), de Manuel Bandeira é um jogo de assonâncias: “pálidas/cálice”; “boca/boa”; “amou/ religioso”; “pálidas/lágrimas”.

Como artifício poético, a assonância pode ser combinada com as figuras da aliteração e da consonância (repetição do mesmo som consonântico no meio ou em final de palavra), embora esta última seja muitas vezes tomada como sinónima da assonância.

As literaturas francesa, espanhola, italiana e portuguesa desde os primórdios que usam este artifício, sobretudo na poesia e na literatura tradicional. A lírica galego-portuguesa usou com frequência este recurso, como na célebre cantiga de D. Dinis “Ai flores, ai flores do verde pino”, que está construída com rimas toantes (“pino/amigo”; “ramo/amado”; “amigo/ vivo”; “amado/sano”; “vivo/saído”; “sano/passado”). Os rimances ibéricos também utilizam com frequência a assonância, tirando partido de duas línguas (português e castelhano) vocalicamente muito ricas. As antigas chansons de geste substituem a rima tradicional pela rima toante. Em francês moderno, Charles Guérin fez uma tentativa isolada e sem imitação de recuperar esta tradição medieval com o livro Le sang des crépuscules (1895). Em inglês, só a partir dos finais do século XIX e princípio do século XX, com os poetas Gerard Manley Hopkins e Wilfred Owen, o seu uso se torna significativo.