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Veneração, adoração, latreía, pelo livro ou conjunto de livros entendidos como objectos sagrados ou de culto. Tal atitude está patente na devoção da Bíblia, da Thorah ou do Corão sendo praticada pelos bibliófilos (v.) em geral. O livro sagrado ou de culto constitui um instrumento de Verdade e, porque esta está vedada, torna-se um mistério que inspira reverência ao destinatário (v. bibliomancia). O termo bibliolatria está associado a outros termos como bibliomania, paixão pelos livros, ou bardolatria, culto dos poetas ou dos autores em geral.

Na literatura portuguesa Os Lusíadas tem sido uma obra venerada ao longo dos tempos por parte de variados bibliolatras. É exemplo de bibliolatria a forma como Garrett faz referência à epopeia do poeta seiscentista em Camões (1825) e Frei Luis de Sousa (1844) como se de um livro sagrado se tratasse. A veneração obsessiva de Garrett por Os Lusíadas pode não só ser consequência do desafio que constitui escrever sobre a obra enquanto livro sagrado, como também resultado do estímulo no sentido de a transcender, dessacralizando-a.

{bibliografia}

Cultura: Revista de História e Teoria das Ideias, nº2: “O Livro e a Leitura” (1996); Maria Augusta Barbo, A Escrita do Livro (1993).