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Acto de adivinhar palavras, frases ou versos de um livro sagrado aberto ao acaso como um gesto profético ou pré-cognitivo. A obra, entendida deste modo, é encarada como fonte de revelação, como veículo (inter)mediário entre o leitor e a entidade superior que desvela o oculto. A adivinhação, manteía, resulta da função do livro como revelação do sentido escondido, do enigma. Mas o livro é mais do que dado revelador, «ele é o Sentido; ele é a Lei» (Mª Augusta Babo, A Escrita do Livro, p.53). O livro sagrado encerra a escrita, a Verdade, que simultaneamente se contacta através da revelação e se oculta pela sua impenetrabilidade. Tal provoca um número infindável de interpelações ao texto que jamais se esgota: «O sagrado, é, em parte, da natureza do segredo que não se desvenda senão progressivamente (e nunca totalmente) pelo uso intensivo do comentário e do comentário do comentário (…)» (L. Sfez, Critique de la communication, 1990, ap. Mª Augusta Barbo, A Escrita do Livro, p.56).

{bibliografia}

Cultura: Revista de História e Teoria das Ideias, nº2: “O Livro e a Leitura” (1996); Maria Augusta Barbo, A Escrita do Livro (1993).