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Repetição de sons desagradáveis numa mesma sequência frásica. Opõe-se à eufonia e pode aplicar-se também à ocorrência de sons iguais no final de uma palavra e no começo na seguinte (cacófato). Constituem exemplos de cacofonia a aliteração, a colisão, o eco e o hiato. Encontramos cacofonia nasal no seguinte verso de Carlos Drummond de Andrade: “A língua, inda sangrando em cacos de palavras” (“Sonetos heredianos”, I, in Amar se Aprende Amando, 1985). O poema “The Bells”, de Edgar Allan Poe ou “Meeting at Night”, de Robert Browning, são também exemplos de utilização premeditada de cacofonias para traduzir, respectivamente, o som dos sinos e o som de uma chama a ser deflagrada. Os clássicos não estão isentos de cacofonias nos seus melhores textos. No seu Tratado de Metrificação Portuguesa (1851), Feliciano de Castilho propõe três tipos de cacofonias: de torpeza, de imundície e de simples desagrado, todas as espécies atestadas mesmo nos autores clássicos. O conceito de cacofonia é próximo do de dissonância, embora este se reserve para a simples falta de harmonia entre sons próximos, que não têm de ser necessariamente agressivos para o ouvido.