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Série de obras de um autor ou de vários, que obedecem ao mesmo tema ou assunto. Na origem, foram os gramáticos alexandrinos os primeiros a utilizar o termo neste sentido, quando definiram o “ciclo épico” para agrupar um conjunto de poemas épicos arcaicos sobre o tema comum da Guerra de Tróia. A Ilíada, atribuída a Homero, resultou da reunião e possível reescrita desses poemas. Os textos fundamentais das várias religiões terão sido elaborados da mesma forma, a partir de ciclos de textos primitivos reunidos numa só obra (Bíblia, Corão, Veda, Gilgamesh ou Ciclo Épico do Macaco). A tragédia grega obedece à organização por ciclos, por necessidade dos dramaturgos concorrerem com uma trilogia às competições literárias, como a Oresteia, de Ésquilo. Modernamente, um dramaturgo como Eugene O’Neill também escreve trilogias como Mourning Becomes Electra. Podemos falar ainda de ciclos nas novelas de cavalaria, como o ciclo bretão (agrega os textos sobre o rei Artur) ou o ciclo carolíngeo (agrega os textos sobre Carlos Magno). Petrarca inaugurou a moda dos ciclos de sonetos com o seu Canzoniere, prática que depressa irradiou por toda a Europa. Na história moderna da literatura, também é possível distinguir ciclos, como o “ciclo do açúcar”, que integra obras brasileiras como poemas de João Cabral de Melo Neto, Ascenso Ferreira e Joaquim Cardoso e romances de José Lins do Rego (Menino do Engenho, 1932; Usina, 1933) e José Américo de Almeida (A Bagaceira, 1928).

Bibliografia:

C. M. Bowra: Primitive Song (1963); O. Rank: The Myth of the Birth of the Hero (1959).