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Tipo de comédia sentimental francesa (literalmente, significa “comédia lacrimejante”), que podemos situar entre o declínio da tragédia neoclássica e o aparecimento do chamado drama burguês (1730-1750). Esta contextualização não surpreende, já que o objectivo da comédie larmoyante era o de diluir a diferença entre a comédia e a tragédia. A temática deste tipo de comédia não difere da que se desenvolve nas comédias domésticas e nas comédias sentimentais, cheias de crises privadas e íntimas, mas privilegiando sempre a boa virtude, que acaba por prevalecer, ao ponto de despertar as lágrimas dos espectadores. O patético e a emoção fácil são, naturalmente, levados a extremos. O êxito da comédie larmoyante deve-se, em grande parte, ao progressivo aburguesamento da sociedade francesa, que acorria em massa a este tipo de representação teatral.

Os mais significativos representantes do género foram Pierre-Claude Nivelle de la Chaussée, autor de Le Préjugé à la mode (1735) e Mélanide (1741) e Voltaire, que nos deu L’Enfant prodigue (1736) e Nanine (1749), exemplos deste género de comédia. Apesar da contestação que Voltaire fez dos artificialismos das comédias de La Chausée, não resistiu a imitá-lo. O mais original comediógrafo do género foi, no entanto, Marivaux, que escreveu La Mère confident (1735).

Em Itália, a comédie larmoyante ocorre sob o nome de commedia flebile; em Inglaterra, o género sentimental comedy é parente próximo da comédia francesa. A distinção entre a comédia sentimental e a comédie larmoyante não pode ser rigorosa, porque ambas, na verdade, possuem as mesmas características. O género larmoyante só se entende a partir da ruptura tardia entre a comédia dita séria e o drama burguês de Diderot (cf. Entretiens avec Dorval, 1757) e Sedaine (Le Philosophe sans le savoir, 1765).

bibliografia

C. Mauron: Psychocritique du genre comique (1964); M. Corvin: Lire la comédie (1994); Theodore E. D. Braun: “From Marivaux to Diderot: Awareness of the Audience in the Comédie, the Comédie larmoyante and the Drame”, Diderot Studies, 20 (1981).