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Termo médico que diz respeito à utilização crónica e incontrolada de linguagem obscena, tendência geralmente associada ao sintoma de Tourette. Pode incluir referências às partes genitais, a excrementos ou a todo o tipo de prática sexual, especialmente no campo das perversões. O termo copropraxia aplica-se quando essa tendência é acompanhada por gestos obscenos, que se repetem sistematicamente. Deve-se distinguir a coprolalia do hábito muito comum de proferir palavrões em situações de conversação familiar, pois a coprolalia é um sintoma incontrolado que, em geral, não escolhe ou adequa a linguagem ao contexto em que decorre a conversação. Na literatura, o termo aplica-se para caracterizar e individualizar certas personagens que são incapazes de falar sem obscenidades, ou cujas falas são invariavelmente acompanhadas de palavras grosseiras de carácter escatológico ou sexual. São bem conhecidos os exemplos de Joane, o Parvo de Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, cujas obscenidades linguísticas se sobrepõem ao próprio efeito de cómico: “Hio hio, barca do cornudo, / beiçudo, / beiçudo, / rachador d’ alverca, huhá! …”.