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Tipo de crítica literária praticamente datado: o termo aparece entre 1885 e 1914 nas discussões teóricas e principalmente numa polémica que opôs o crítico Jules Lemaître, autor de estudos sobre Rousseau e Renan, e Ferdinand Brunetière, discípulo desleal de Taine e adversário feroz do naturalismo, que quis fundar uma ciência crítica que fosse normativa, inspirada na ciência biológica de Darwin, e cujo objectivo seria, portanto, o de “julgar, classificar e explicar”. Para Lemaître, como para todos os críticos impressionistas, o essencial é antes o prazer da leitura, fundado na comunicação das subjectividades e das percepções individuais. A crítica e a literatura vivem, nesta visão impressionista, da fugacidade e do sentimento individual, sem grandes preocupações de rigor metodológico. Tudo é ditado pela sensibilidade do leitor, a quem compete transmitir as impressões que mais o marcaram, confrontando a obra lida com as obras-primas de todos os tempos. Não há método, apenas crítica livre, impulsiva, que muitas vezes levava o crítico a esquecer-se da obra e a falar mais de si e daquilo que o preocupava. Os seus cultores principais foram também grandes escritores, neste grupo incluindo-se Virginia Woolf e Anatole France, que tentaram manter-se longe das instituições académicas. Um dos aspectos mais positivos da actividade destes críticos foi a divulgação da literatura nos jornais, tentando promover a leitura das grandes obras.

A obra crítica de Anatole France, considerado na sua época o verdadeiro homem de letras, aliás prémio Nobel em 1921, aproxima-se do solipsismo, doutrina filosófica segundo a qual a única realidade no mundo é o eu, pois acredita que nunca saímos de nós mesmos. Foi um crítico feroz do simbolismo francês, sobretudo pela falta de clareza. France era um parnasiano puro, incapaz de tolerar as atitudes místicas e o hermetismo dos poetas do grupo simbolista.

Virginia Woolf casou com Leonard Woolf e juntos fundaram a célebre Hogarth Press. Woolf fez parte do chamado grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais sofisticados que depois da I Guerra Mundial investe contra as tradições literárias, políticas e sociais da era vitoriana. Da sua obra, interessa à história da crítica impressionista Common Reader (2 vols., 1925-32) e The Moment and Other Essays (1948). Convencida da necessidade de actualizar a arte do romance, decreta guerra à ficção tradicional. Nega a importância das personagens bem definidas e das circunstâncias materiais. Considera o enredo inteiramente dispensável. O que prevalece é a análise psicológica. A técnica impressionista que utiliza nos seus romances é a mesma que traz para a crítica literária. Apresenta aspectos de cada personagem e da sua apreensão da realidade, procurando documentar impressões.