Termo do grego epodos (“depois do canto”) com que se designa 1) a terceira das estrofes da chamada ode pindárica, como podemos testemunhar em Píndaro e Baquílides — neste caso, a palavra é feminina (epodos strophé); 2) poemas líricos em que se alternam versos grandes com versos pequenos — neste caso, a palavra é masculina (epodos stichos). No primeiro caso, o epodo apresenta uma combinação diferente de versos em relação às estrofes iniciais, que possuem número, metro e ritmo distintos. A uma estrutura métrica formada por uma estrofe, uma antístrofe e um epodo dá-se o nome de tríade epódica. Veja-se o seguinte exemplo de Baquílides, excerto de “O mito de Creso” (in Hélade: Antologia da Cultura Grega, de Maria Helena da Rocha Pereira, 5ª ed., Coimbra, 1990) :
Rumorejam os templos de festins com hecatombes, [ESTROFE ]
rumorejam as ruas, a trasbordar de hospitalidade.
Refulge, em seus reflexos, o ouro das trípodes lavradas, que puseram
à entrada do templo. É aí que Delfos administra, [ANTÍSTROFE]
junto da linfa corrente de Castália,
de Apolo o maior santuário. Ao deus, ao deus
se dê glória. Será o maior em ventura.
Pois outrora, a Creso, senhor da Lídia, [EPODO]
domadora de cavalos,
quando, para cumprir os desígnios
fixados por Zeus
o exército persa arrasou Sardes,
— a esse salvou Apolo
No caso do epodos stichos, podemos encontrar os primeiros exemplos na poesia satírica de Arquíloco, que combinava metros longos com metros curtos. Horácio terá sido o introdutor deste tipo de epodo na literatura latina. Diogo de Teive (1514?-1565?) compôs em latim um conjunto de Epodos, que seguem os modelos de Arquíloco e Horácio. Os poetas portugueses do século XVIII, como Correia Garção ou A. Dinis da Cruz e Silva, ainda escrevem epodos.
B. Snell: Griechische Metrik (1982); D. Korzenewski: Griechische Metrik (1968).
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