Contagem das sílabas métricas de um verso de acordo com as emissões de voz individualmente bem distintas, assinalando-se todas as sílabas até ao último acento tónico. Na métrica greco-latino, o trabalho de decomposição do verso assinala os pés, isto é, as unidades silábicas que se formam de acordo com a duração dos fonemas. De notar que as línguas românicas modernas assinalam de diferente forma a contagem das sílabas métricas: o castelhano e o italiano contam até à última sílaba de cada verso; o português e restantes línguas neolatinas contam até à última sílaba tónica. A regra portuguesa e brasileira ficou estabelecida a partir da publicação do Tratado de Metrificação Portuguesa (1851), de A. Feliciano de Castilho.
A escansão de um texto em verso permite estudar os efeitos musicais da composição e analisar o ritmo imposto à leitura. Inclui-se na escansão a definição do esquema rimático do texto. Assim, a seguinte sextilha do poema “Mar Português”, de Fernando Pessoa, pode ser escandida da seguinte forma:
Ó / mar / sal / ga / do, / quan / to / do / teu / sal / a [10 sílabas]
São / lá / gri / mas / de / Por / tu / gal! / a [8]
Por / te / cru / zar / mos, / quan / tas / mães / cho / ra /ram, b [10]
Quan / tos / fi / lhos / em / vão / re / za / ram! b [8]
Quan / tas / noi / vas / fi / ca / ram / por / ca /sar / c [10]
Ç
Pa / ra / que / fos / ses / nos / so, ó / mar! / c [8]
No último verso, assinalámos uma fusão entre duas sílabas que se podem pronunciar numa só emissão de voz com o sinal convencional Ç (sinalefa).
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