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A chamada Escola de Yale, onde Derrida ensinou, revelou nos anos 70 alguns dos principais teóricos da literatura da segunda metade do século XX: Paul de Man, Harold Bloom, J. Hillis Miller e Geoffrey Hartman. A Escola de Yale desenvolveu não só a filosofia desconstrucionista mas também os estudos freudianos aplicados à literatura. Duas obras iniciais marcaram a actividade e afirmação dos críticos de Yale: Blindness and Insight (1971), de Paul de Man, e The Anxiety of Influence (1973), de Harold Bloom. Paul de Man, que contribuiu decisivamente para um novo rumo para a desconstrução de Derrida, toma o texto literário como um conjunto de potenciais oposições internas que hão-de conduzir irremediavelmente a uma aporia ou impasse; nesse momento, o texto obriga a uma tomada de decisão crítica perante as duas leituras opostas e, quase paradoxalmente, uma leitura desconstrucionista será aquela que não deixar que tal decisão penda para qualquer dos lados. Um outro livro de Paul de Man, Allegories of Reading (1979), dá melhor conta desta engrenagem técnica.

Na década de 70, Harold Bloom publica as obras: The Anxiety of Influence (1973), A Map of Misreading (1975), Kabbalah and Criticism e Poetry and Repression (1976), onde procura aplicar a sua teoria sobre a imaginação romântica a um programa geral para a poesia e para a crítica literária. Esta fase da sua carreira e o facto de ensinar em Yale levou os historiadores a inscrevê-lo na escola desconstrucionista de Yale, embora tal matrícula não tenha sido feita de forma assumida, até porque logo a seguir Bloom havia de seguir caminhos diferenciados dos seus colegas universitários. A tese de Harold Bloom em The Anxiety of Influence resume-se a uma polémica perspectiva que prevê que um poeta ou escritor age sempre em função de um modelo literário que lhe é anterior, um grande “precursor”, que ele tem que “enfrentar”, para resolver a angústia dessa influência, a qual, em termos radicalmente freudianos, exige igualmente a substituição do próprio modelo inspirador ou “pai”.

Em Saving the Text – Literature/Derrida/Philosophy (1981), Geoffrey Hartman procurou fazer vingar a desconstrução de Derrida, explorando as potencialidades das leituras cerradas no estilo derridiano, destancando o(s) livro(s) inqualificável(eis) e intraduzível(eis): Glas, que considera um acontecimento ímpar na história literária.

J. Hillis Miller, que só na década de 80 publicará um livro de referência como Fiction and Repetition – Seven English Novels (1982), divergiu do dogma estruturalista da possibilidade de um conhecimento sistemático do texto. Alguns críticos derridianos defendem que a desconstrução é uma associação entre interpretação e semiótica, para determinar como é que um texto significa, mais do que uma prática hermenêutica que vise determinar o que é que significa. Depois de Gadamer e na esteira de Paul de Man, Paul Ricoeur e William V. Spanos, editor de uma das mais radicais revistas pós-estruturalistas, boundary 2, tem-se descrito igualmente a desconstrução como uma hermenêutica negativa, isto é, um projecto que não vise restaurar o sentido de um texto perdido na história, mas antes recorrer a conceitos modernos para abalar ou questionar criticamente tal sentido histórico. Ricoeur, um filósofo fenomenologista que virá a ter grande influência na mais recente teoria literária, reclama uma hermenêutica que não mais se reduza à idolatração deste autor ou daquele texto. A teoria hermenêutica de Ricouer está desenvolvida nas seguintes obras traduzidas para português: O Conflito das Interpretações – Ensaios de Hermenêutica (1ªed., 1969), A Metáfora Viva (1975) e Do Texto à Acção – Ensaios de Hermenêutica II (1986). Mais recentemente, em The Linguistics Moment – From Wordsworth to Stevens (1985), Hillis Miller tentou distanciar-se destas aproximações da desconstrução à hermenêutica, considerando a prática desconstrucionista ou interpretação retórica como uma prática crítica, que não se identifica nem com uma hermenêutica nem com uma poética.

{bibliografia}

Barbara Johnson: The Critical Difference: Essays in the Contemporary Rhetoric of Reading (1980); id.: "Gender Theory and the Yale School", Genre (Spring-Summer 1984); Christopher Norris: "Derrida at Yale: The ‘Deconstructive Moment’ in Modern Poetics", Philosophy and Literature 4, 2 (Fall 1980); id: Deconstruction: Theory and Practice (1991); Colin Campbel:. "The Tyranny of the Yale Critics." New York Times Magazine (February 9, 1986); Jonathan Arac, Wallace Martin, and Wlad Godzich (eds.): The Yale Critics (1983); J. Hillis Miller."Marxism and Deconstruction: Symposium at the Conference on Contemporary Genre Theory and the Yale School — 1 June 1984", Genre (Spring-Summer 1984); Robert Con Davis : "Error at Yale: Geoffrey Hartman, Pyschoanalysis, and Deconstruction." Genre (1984); Robert Con Davis e Ronald Schleifer (eds.): Rhetoric and Form: Deconstruction at Yale (1985); Roger Poole: "The Yale School as a Theological Enterprise." Renaissance and Modern Studies, 27 (1983).

http://prelectur.stanford.edu/lecturers/bloom/index.html