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Em sentido estrito é sinónimo de arquivo literário: «acervo documental complexo, constituindo uma unidade orgânica decorrente da actividade literária de determinada pessoa e composta pela respectiva obra manuscrita, ou equiparada, e pelos conjuntos de documentos que a essa pessoa foram enviados ou por ela recolhidos», na definição de António Braz de Oliveira. O conceito só em português e alemão tem designações que evocam necessariamente a morte do autor, espólio e nachlaß, mas há, na realidade, uma identificação entre espólio e herança documental deixada por um criador literário. Com o desenvolvimento da crítica genética, a atenção arquivística despertou para estes acervos enquanto objectos de ordenação necessária, ao mesmo tempo que as famílias e o público coleccionador também viram alterada a forma como avaliavam o legado dos autores. Na medida em que o espólio é sobretudo utilizável enquanto fonte a investigar para o traçado da génese de uma obra, não inclui os objectos extragráficos que acompanharam o processo da escrita criativa (óculos, caneta, papel, máquina de escrever…), nem a biblioteca de que se rodeava o autor, mas a verdade é que um espólio em sentido mais lato abrangerá todos estes elementos patrimoniais que se juntam aos textos, ante-textos, éditos, inéditos, às cartas recebidas e a toda a sorte de documentos biográficos que permitem contextualizar os sucessivos andamentos da obra in statu nascendi.

{bibliografia}

António Braz de Oliveira: "Arquivística literária: hæc subtilis ars inveniendi", Cadernos de Biblioteconomia, Arquivística e Documentação (1992-2); Ivone Alves et al.: Dicionário de Terminologia Arquivística (1993); Leituras : Revista da Biblioteca Nacional de Lisboa, 5 : « Arquivística Literária e Crítica Textual» (1999).