Termo grego (eu-phonia, “bom som”) para exprimir a suavização do discurso pelo recurso a uma escolha de sons agradáveis ao ouvido, o que pode ser conseguido, por exemplo, com a ênfase em vogais longas em vez de consoantes ou com a opção por uma incidência maior em consoantes líquidas. Na prosa poética, este tipo de recurso é bastante procurado para aproximar o discurso da prosa à musicalidade da poesia. O seu oposto é a cacofonia ou expressão de sons desagradáveis. Um dos exemplos mais felizes de eufonia em toda a literatura portuguesa é a célebre “Cantiga, partindo-se”, que começa com a seguinte quadra onde se destaca o ritmo ascendente das vogais tónicas para reforçar a expressão de tristeza crescente do poeta saudoso da sua amada:
Senhora partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
(João Roiz de Castel-Branco, Cancioneiro Geral, III, 134)
Lloyd Bishop: “Euphony: A New Method of Analysis”, Language and Style: An International Journal, 18, 4 (Flushing, Nova Iorque, 1985); Mary M. Ferri: “Modern Songs as Lyric Poetry: Euphony, Rhythm, Metre and Rhyme”, Style, 4 (1970).
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