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Género transformativo criado por autores ficcionais tendo por base obras ficcionais originais.

Fan fiction [literalmente, significa “ficção de ou criada por fãs”] surge como um ponto de reencontro entre obra e fã, já que o fascínio dos leitores por este fenómeno não está apenas na possibilidade de acesso a novas histórias relacionadas com um universo que já os havia cativado, mas também com a possibilidade de se envolverem de forma mais ativa com o mundo ficcional à sua escolha, através da criação das suas próprias histórias, podendo os leitores tornar-se autores ficcionais.

Primariamente considerada uma criação de fãs destinada a outros fãs, surge a partir de reinterpretações e especulações sobre escolhas tomadas pelas personagens no universo da versão original. Geralmente, têm origem numa exploração das motivações que poderiam estar por detrás do comportamento de algumas personagens, frequentemente levando ao ofuscamento e, em alguns casos, ao anulamento da fronteira que separa os vilões dos heróis.

Apesar de o seu crescimento, em termos de popularidade, se ter dado, principalmente, com a utilização da internet e através do surgimento de blogues pessoais nos quais os autores ficcionais publicavam as suas obras ficcionais, ou com a criação de sítios web próprios para o efeito, com comunidades específicas de criadores e consumidores deste novo género; a existência de fan fiction, já aparece documentada em diversos momentos. Algumas obras clássicas poderão ser consideradas como resultantes de um exercício semelhante a fan fiction, uma vez que tiveram origem em outras histórias a elas anteriores. Exemplo disto será o caso da Eneida de Virgílio, que tem grandes semelhanças com a Ilíada, ou Canterbury Tales de Chaucer, que conterão versões reformuladas de outros contos, segundo <fanlore.org/wiki/Fanfiction>, que também informa que as obras de Jane Austen foram reescritas tendo sido as sobrinhas da autora as suas primeiras autoras ficcionais. Também é sabido que na década de 1960 os seguidores de Star Trek publicavam fan fiction nas suas fanzines, das quais é exemplo Spockanalia.

Fan fiction pode ser escrita com vários intuitos, como a crítica ou retrato da sociedade, obtenção de prazer pessoal, como meio de inserção numa comunidade de interesses semelhantes, ou para melhorar a técnica de escrita de indivíduos que, eventualmente, ambicionem vir a ser escritores profissionais.

Existem diversos tipos de fan fiction, de acordo com o conteúdo da trama, podemos identificar, por exemplo: Afterlife, Apocafic, Documentation/Epistolary fic, Domesticity (Casamento; Casamento Forçado; Família [paternidade/maternidade]; Casamento de Conveniência), Holidayfic, Hurt/Comfort, Isolated or trapped, Reincarnation, Time Travel, Amnesia, Character Death, Disability Fic, Mary Sue (introdução num universo ficcional já existente, de uma personagem original, ou Other Character (OC), que frequentemente é baseada no próprio autor da fan fiction em questão, mas cujos traços físicos e psicológicos são elevados quase à perfeição), Soulbond (duas ou mais personagens são conectadas através de um vínculo espiritual, isto pode levar, ou não, ao desenvolvimento de uma relação romântica entre os personagens). De acordo com a relação que tem com o universo base, fan fiction pode ser denominada Alternate Universe (Universo Alternativo), Crossover (junção de dois ou mais universos ficcionais originais e sua utilização como universo da obra do autor ficcional), Darkfic (situações ou temáticas de cariz depressivo ou mesmo horrífico), Missing Scene (inserção de uma nova cena, normalmente entre episódios de séries televisivas ou volumes de séries literárias), Fix-it (na qual o autor ficcional irá consertar uma situação ocorrida na obra base, que considera ter, de algum modo, estragado a história), Futurefic/Next Generation, Pastfic/Backstory.

A classificação é também um dos critérios utilizados na caracterização de fan fiction, em arquivos online como <fanfiction.net>, é utilizado o sistema criado por  <fictionratings.com> (K:> 5; K+:> 9; T:> 13; M:> 16; MA:> 18.).

{bibliografia}

CHANDER, A. Sunder M., “Everyone’s a Superhero: A Cultural Theory of Mary Sue Fan Fiction as Fair Use”, 95CAL. L. REV. 597, 2007 disponível em: <http://scholarship.law.berkeley.edu/californialawreview/vol95/iss2/7>, consultado em Maio de 2013

MACKEY, M. and McClay, J. K. (2008), Pirates and poachers: Fan fiction and the conventions of reading and writing. English in Education, 42: 131–147. doi: 10.1111/j.1754-8845.2008.00011.x, disponível através de: <http://onlinelibrary.wiley.com>, consultado em Maio de 2013

PASCOE, C.J., Theory Into Practice, 51:76–82, 2012 Copyright © The College of Education and Human Ecology, The Ohio State University, ISSN: 0040-5841 print/1543-0421 online, DOI: 10.1080/00405841.2012.662862, disponível através de: [b-on: Biblioteca do conhecimento online UNL], consultado em Maio de 2013

<http://en.wikipedia.org/wiki/Fan_fiction>

<http://fanlore.org/wiki/Fanfiction>

<http://fanlore.org/wiki/Rating>

<http://fanlore.org/wiki/Story_Tropes>

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Fanfic>