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O termo, pertencente aos domínios teatral e cinematográfico mas também utilizado na narrativa literária, remete para um actor que surge em palco / cena como elemento de um conjunto ou multidão e que, não desempenhando um papel relevante na intriga, tem o propósito de ajudar na ilustração de situações de cariz social como uma atmosfera, um posicionamento cultural, uma mentalidade, etc.. Podem ser os criados que ajudam Madalena a salvar do fogo o retrato do seu marido em Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett ou os soldados que acompanham Carlos em Viagens na Minha Terra, obra do mesmo autor. No filme Titanic, de James Cameron, o elevado número de figurantes participa em praticamente todas as cenas para dar a conhecer o ambiente vivido a bordo do transatlântico e recriar a tragédia daqueles que nele viajavam. O facto do figurante ser muitas vezes descrito como um actor “mudo” (Corvin, 1995: 361) explica-se por se tratar, na maioria das vezes, de uma intervenção meramente decorativa, necessária à construção da sociedade representada. No entanto, o figurante pode aproximar-se da categoria de personagem secundária, como são exemplo as vizinhas de Ricardo Reis, no romance Ano da Morte de Ricardo Reis, dando a conhecer, através da coscuvilhice, as suspeitam que pairam sobre o relacionamento deste com Lídia. Ainda no domínio do texto literário, o figurante, por surgir geralmente como parte de um grupo maior, é mais frequente nos romances de época e de família, nos quais abundam esses conjuntos humanos.

{bibliografia}

Michel Corvin, Dictionnaire encyclopedique du théâtre, Vol.1, 1995; Patrice Pavis, Diccionario del teatro- dramaturgia, estética, semiologia, 1998.