Termo de origem italiana (gazzeta, moeda veneziana do século XVI) que se reserva para certas publicações periódicas de interesse geral. Na origem, trata-se de um panfleto informativo, cujo preço era precisamente uma gazzeta, e que constitui uma primeira versão do que virá a ser um jornal impresso. A partir do século XVII, multiplicaram-se as publicações deste género, ao serviço quase sempre dos diferentes Estados para divulgação de avisos oficiais ou outras informações de carácter formal de interesse público. Foi assim criada, por exemplo, a Gazette francesa, em 1631, por T. Renaudot e transformada pelo cardeal Richelieu em órgão oficial do Governo. Em Inglaterra, considera-se a Oxford Gazette (1665) o primeiro jornal aparecido neste País, publicação que ainda se publica com o título London Gazette, dedicada a informações sobre a realeza e a vida aristocrática. Neste sentido, a gazeta é, portanto, praticamente sinónima de boletim oficial do Estado. Em Portugal, destacamos a Gazeta de Lisboa, folha oficial do Reino, publicada a partir de 1715, na qual colaborou Correia Garção, e a Gazeta de Portugal, fundada por António Augusto Teixeira de Vasconcelos em 1862, que teve como colaboradores figuras como Feliciano de Castilho, Camilo Castelo Branco e Tomás Ribeiro, entre outros. Eça de Queirós estreou-se, precisamente, nesta publicação, já nos seus últimos números (1866- 1867). O termo tem também aplicação literária, desde o século XVIII, quando nasce em França a Gazette littéraire de l’Europe (1746-1766), que teve a colaboração de Voltaire, Diderot, Grimm e outros. Em Portugal, surge uma Gazeta Literária (1761) que tem por objectivo “dar a conhecer a Portugal os melhores livros, ou ao menos as composiçoens modernas de maior fama”. O século XX continua a tradição das gazetas literárias, como a da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (1952), onde participaram alguns do principais escritores da época.
José Tengarrinha: História da Imprensa Periódica Portuguesa (1989).
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