Select Page
A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z

Termo da dramaturgia espanhola do Século de Ouro que diz respeito a uma função específica na comédia normalmente atribuída a um actor-comentador dos actos das personagens principais, sempre com o intuito de produzir o cómico pela crítica mordaz ou subtil. Atribui-se a Lope de Vega a sua invenção, que se pode testemunhar em obras como El perro del hortelano, Por la puente Juana, La dama boba, La moza de cántaro ou El villano en su rincón. O gracioso é uma espécie de truão (não uma personagem tipo, representante de uma classe social, mas uma criação teatral única), cujas intervenções são sempre mordazes, sendo facilmente comparável ao Fool de Shakespeare ou ao Parvo de Gil Vicente, por exemplo, ou, com maior evidência, comparável ao papel moralizador que o coro do teatro clássico grego desempenhou. António José da Silva, o Judeu, utilizou a figura do gracioso nas suas óperas. Em Guerras do Alecrim e Mangerona, por exemplo, são graciosos os comentários de Semicúpio e Sevadilha sobre as convenções sociais e as vaidades humanas.

{bibliografia}

Manuel Duran: “Lope y la evolucion del gracioso”, Bulletin of the Comediantes, 40, 1 (Auburn, AL, 1988); Marc Vitse: "El imperio del gracio Historia y espacio o del gracioso a lo gracioso”, Criticon, 60 (Toulouse, 1994); Paulo Pereira: “O gracioso e sua função nas óperas do Judeu”, Colóquio-Letras, 84 (1985).