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Termo derivado do francês jérémiade, para traduzir uma lamentação despropositada, uma diatribe feroz e insistente, ou discurso emocionado e revoltado sobre um assunto normalmente polémico. Originalmente, a jeremíada era um sermão recriminatório sobre os infortúnios de uma sociedade ou comunidade, por causa de graves vícios morais cometidos, o que é atestado desde logo no Velho Testamento, com o profeta Jeremias (século VII a.C.) a responsabilizar Israel, que abandonara os preceitos de Jeová e prefirira seguir o caminho das idolatrias pagãs que culminariam em calamidades de toda a espécie. A jeremíada testamentária deixa sempre em aberto a possibilidade de redenção, pois tem um intuito moralizador e funciona como aviso a uma comunidade ou a uma sociedade sobre as graves consequências a que um comportamento pecaminoso pode conduzir. De uma forma mais ampla, a jeremíada funcionará como apelo crítico perante um povo, no sentido de o despertar para as boas condutas e para o respeito pelos valores morais mais sábios. Foi muitoas vezes utilizada como sermão político, destacando os males do tempo presente e as virtudes do passado, para que as massas pudessem acreditar numa redenção social e moral. Foi assim, por exemplo, no século XVII, na Nova Inglaterra, com a popularidade conseguida com os sermões eleitorais em forma de jeremíada, a começar em A Brief Recognition of New Englands [sic] Errand into the Wilderness (1671), de Samuel Danforth. Na história da literatura norte-americana, a jeremíada tornou-se um género literário utilitário, ao serviço do protesto político e moral contra o puritanismo vigente na Nova Inglaterra no século XVII, mas é possível encontrar o mesmo tipo de discurso em muita literatura posterior, por exemplo nos romances e nos contos de William Faulkner, em particular em Big Woods (1955), onde o autor critica severamente a forma como o homem desrespeitou a natureza e se afastou da harmonia que devia existir entre ambos.

{bibliografia}

. : Cheryl Rivers: “The Jeremiad as Political Sermon”, in Jean Beranger e Jean Claude Barat (eds.): Amerique revolutionnaire (1976) ; Peter Wagner: “ The Jeremiad and Social Reality in Mid Seventeenth Century New England “, in Herget Winfried (ed.): Studies in New England Puritanism (1983); Ronald H. Carpenter: “The Historical Jeremiad as Rhetorical Genre”, in Karlyn Kohrs Campbell e Kathleen Hall Jamieson: Form and Genre: Shaping Rhetorical Action. Falls Church (1978); Sacvan Bercovitch : The American Jeremiad (1978).

http://www.senshu-u.ac.jp/~thb0559/No3/Morioka.htm

http://www.gonzaga.edu/faculty/campbell/enl310/jeremiad.htm