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Termo que denomina o apoio económico oferecido por um patrono, pessoa ou instituição abastada e influente, a artistas, cientistas ou desportistas com o intuito de promover a sociedade nos domínios cultural, científico, desportivo, entre outros, através das actividades empreendidas pelos destinatários. Embora se trate de um apoio desinteressado, a pessoa ou entidade beneficiada dedica, muitas vezes, a obra produzida ao seu patrono, prestando-lhe homenagem e consolidando o seu estatuto social.

O termo mecenato deriva de Gaius Mecenas (m.VIII d.C.) um político romano, conselheiro do imperador Augusto e amante das letras que protegeu e ajudou escritores seus contemporâneos como Virgílio, Horácio e Tito Lívio. O seu apelido é habitualmente usado como sinónimo de patrono e símbolo do rico benfeitor das artes. A prática é-lhe, no entanto, muito anterior pois os faraós do Egipto e os tiranos Gregos como Péricles favoreceram a criação artística como meio esplendoroso de afirmar a sua grandeza. De qualquer forma, o objectivo mudou dado que o patrono não busca a obtenção de reconhecimento ou glória em resposta à sua oferta, que se quer puramente unilateral.

O mecenato foi uma prática comum não só durante a época clássica mas também por toda a Idade Média e Renascença, tendo sido praticado por príncipes, reis, papas ou, até mesmo, por nobres ricos e poderosos. Miguel Ângelo e Galileu Galilei são dois bons exemplos de artistas apoiados por essa actividade: o primeiro beneficiou do mecenato do papa Júlio II para aprimorar e aplicar o seu conhecimento e talento na pintura, escultura, arquitectura e poesia ; o segundo usufruiu da ajuda do marquês Del Monte e do grão-duque da Toscânia, Cosimo II de Medici, na sua longa carreira como matemático, cientista e inventor. O papa Leão X e Lourenço de Médicis estão, também, entre os mecenas italianos mais conhecidos.

O mecenato era igualmente exercido por famílias inteiras como se registou em Inglaterra, no reinado de Isabel I, nos domínios musical e literário. Ao longo da história de Portugal, foram vários os mecenas, principalmente os monarcas, a proteger os artistas e a impulsionar as suas obras, podendo ser destacadas as figuras da infanta D. Maria (1521-1577), praticante do mecenato cultural e religioso, de Diogo Mendes e sua família (séc. XVI) e de D. Fernando II (1816-1835), príncipe alemão casado em segundas núpcias com D. Maria II e que, após a morte da rainha, se revelou, igualmente, um regente culto e um defensor das artes. Alguns escritores procuravam no mecenato e no respectivo patrono, para além da ajuda económica, a segurança necessária para evitar suspeitas por parte da Inquisição .

A decadência ou menor frequência da prática do mecenato deveu-se a um progresso na imprensa e a um aumento das publicações. Para ultrapassar esta tendência negativa e incrementar o apoio gratuito, a legislação estipulou a “Lei do Mecenato”, um preceito legal que prevê benefícios fiscais para a pessoa ou instituição que oferecer donativos para actividades desenvolvidas num de vários domínios (cultural, ambiental, desportivo, tecnológico, etc.) Esses mesmos benefícios dependem do reconhecimento dos Ministros das Finanças e da tutoria da área beneficiada, obedecendo a uma hierarquia que privilegia o mecenato social.

{bibliografia}

Carla Alferes Pinto, A Infanta Dona Maria de Portugal – O mecenato de uma princesa renascentista, 1998; David C. Price, Patrons and Musicians of the English Renaissance, 1981.

http://es.rice.edu/Eshumsoc/Galileo/Student_Work/Florence96/jessdave/patronage.htm

http://www.min-cultura.pt/Destaque/MecenatoCnt.html