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Na teoria da comunicação, a mensagem é a manifestação física da informação produzida por uma fonte de informação e que se destina a alguém. Na prática, todo o texto escrito que se envia a alguém ilustra uma mensagem, concebida como uma um conjunto organizado de signos linguísticos. A ideia de sequência ordenada é também exigida na cibernética, onde o conceito representa uma sequência simples de sinais binários. O símbolo binário constitui-se como uma unidade de informação denominada bit, que é um acrónimo da expressão inglesa binary digit, ou seja, dígito binário, e traduz a menor unidade de informação que um computador pode usar. A linguagem humana é, contudo, bem mais complexa do que a usada pelos computadores na transferência de informação ordenada sob a forma de mensagem. A comunicação humana envolve aspectos emocionais que só se representam na escrita por formas simbólicas. Por outro lado, a imaginação é uma faculdade humana que não é possível transferir para as máquinas que hoje em dia processam mensagens, desde o computador ao telemóvel. Lacan diz-nos que a linguagem humana é “impura” (O Seminário II: O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise, Zahar, Rio de Janeiro, 1985, p.381), pois ao contrário das máquinas, ela é permeada por processos imaginários. Esta “impureza” serve, no entanto, para distinguir uma mensagem não mecanizada de uma mensagem codificada por processos mecânicos.

O suporte físico da transmissão de uma mensagem escrita ou falada é o canal de comunicação, que hoje se multiplica pelo computador, pelo telemóvel, pela rádio, pela televisão (sobretudo a interactiva), pela imprensa escrita, pela correspondência epistolar, etc. A teoria da comunicação ignora o significado intrínseco da mensagem, pois o que avalia nesse processo de transmissão é uma forma de comunicação e não um contéudo interpretável. A forma de comunicação está sujeita a variações de código e de condições de optimização da transmissão (uma boa comunicação rádio, uma boa ligação à Internet, um bom serviço postal, etc.). Nas teorias da comunicação linguística, em particular a partir dos estudos influentes de Roman Jakobson, todo o processo de transmissão e recepção de mensagens se reduz a um mecanismo de codificação e descodificação. A compreensão do acto sémico que a transmissão de uma mensagem ilustra depende em grande parte da capacidade de um sujeito dominar o(s) códigos(s) envolvidos na comunicação, que só é considerada concluída com a total descodificação ou identificação do código utilizado na transmissão da mensagem original.

Se a comunicação linguística necessita de ser activada por um processo de codificação/descodificação, entende-se que a função essencial da linguagem é a transmissão de informação entre indivíduos que partilham o mesmo código numa determinada situação de comunicação. Dos seis factores constitutivos que Jakobson identificou neste processo (emissor, receptor, mensagem, código, canal ou contacto e referente ou contexto), a mensagem ocupa o lugar central, constituindo o motor de todo o processo de comunicação, que pode ser afectado de diferentes formas conforme os usos da linguagem. A estes diferentes usos, chamou Jakobson funções da linguagem, que se distribuem consoante o tipo de mensagem: função referencial, se a mensagem for objectiva; função expressiva, se for emocional e centrada no emissor; função apelativa, se servir para influenciar o receptor com o objectivo de provocar uma resposta; função poética, se for centrada na expressão linguística e estética da própria mensagem; função fática, se a informação for mínima de forma a manter a comunicação; função metalinguística, se a informação servir para explicitar a própria linguagem.

O modelo linguístico estruturalista que privilegia o estudo da linguagem através dos factores mecânicos da comunicação verbal, com ampla divulgação durante as décadas de 1970 e 1980, foi duramente criticado pela primeira geração pós-estruturalista francesa, onde pontificam Jacques Derrida, Roland Barthes, Michel Foucault, Julia Kristeva, Jean-François Lyotard, Gilles Deleuze, Luce Irigaray, Jean Baudrillard, entre muitos outros. Os pensadores pós-estruturalistas desenvolveram formas menos redutoras de análise (gramatologia, desconstrução, arqueologia, genealogia, semioanálise), com frequência dirigidas para a crítica de instituições específicas (como a família, o Estado, a prisão, a clínica, a escola, a fábrica, as forças armadas, a universidade, a  filosofia, a história) e para a teorização de uma ampla gama de diferentes meios (a leitura, a escrita, o ensino, a televisão, as artes visuais, as artes plásticas, o cinema, a comunicação electrónica) que haviam ficado de fora do estudo estruturalista da comunicação.

{bibliografia}

John Fiske desenvolve em Introduction to Communication Studies (1982); Roman Jakobson: Linguística e Comunicação (S. Paulo, 1970).