Select Page
A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z

Termo que designa um conjunto de palavras, frases ou versos que contêm um pensamento representativo de uma pessoa, família ou nação. Na Idade Média denominava-se mote a divisa adoptada pelos cavaleiros. O termo mote pode ser sinónimo de epígrafe (v.), sentença, ou máxima (v.). É nesta acepção que J. Hillis Miller cita os versos de Wallace Stevens «Natives of poverty, children of malheur,/ the gaiety of Language is our seigneur» (“Esthétique du Mal”, Transport to Summer, 1947 ) como mote ilustrativo da sua argumentação (v.) na conferência «The Critic as Host» (Modern Criticism and Theory, D. Lodge ed., 1988).

Mote, moto ou cabeça é ainda o verso ou pequeno conjunto de versos sobre os quais os poetas glosavam (v. glosa) as suas cantigas (v.) ou vilancetes (v.) sobretudo nos sécs. XV e XVI. O mesmo mote pode ser glosado por diferentes poetas ou pelo mesmo poeta. Camões glosou o mote “Mas porém a que cuidados?” que lhe foi enviado por Dona Francisca de Aragão (dama da corte de D. João III) tendo acompanhado o poema de uma carta onde se lê: «não me fica mais que desejar que poder acertar com este moto de V. M., ao qual dei três entendimentos segundo as palavras dele puderam sofrer: se forem bons, é o moto de V. M.; se maus são as glosas minhas»(Rimas, 1595). O mote “Saudade minha / quando vos veria?” foi glosado por Sá de Miranda, Andrade de Caminha e Frei Agostinho da Cruz.