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Termo que designa um pequeno tratado de páginas soltas, podendo assumir a forma de livro com poucas páginas, normalmente com capa de papel. Os assuntos nele tratados são de interesse contemporâneo, de ordem social, política, económica ou religiosa.

Aparentemente, na sua origem está Pamphilus, seu de Amore, uma comédia satírica em latim, datada do séc. XII. Pamphilus, nome da personagem principal, deriva do grego e significa “amado por todos”. A palavra evoluíu, dando origem a pamphilet e, eventualmente, ao termo inglês pamphlet. Fenómeno de popularidade, este opúsculo foi largamente reproduzido. O termo generalizou-se, pelo que, por volta do séc. XIV, já era utilizado para designar pequenas brochuras ou textos impressos em páginas soltas.

É inevitável unir a evolução do panfleto à religião. O panfleto resulta da união entre o velho e o novo, entre o sermão, veículo principal de instrução popular na Idade Média, e a imprensa escrita. Através dele, era possível chegar a um maior número de pessoas, difundindo de um modo mais eficaz uma mensagem de cariz moralista e didáctico.

Os primeiros trabalhos que podem ser descritos como panfletos são, na sua maioria, sermões impressos e publicados na altura da Reforma. O panfleto foi um importante meio de difusão dos escritos protestantes. No âmbito da Reforma anglicana, um exemplo típico é o sermão do Bishop Fisher, The Sermon of John, The Bishop of Rochester, made against the Pernicious Doctrine of Martin Luther, impresso por Wynkyn de Worde em 1521. A supplication for the Beggars, de Simon Fish, é um outro exemplo de um panfleto escrito com a intenção de influenciar a opinião pública. Foi publicado em 1529 e dedicado a Henrique VIII. Em pouco menos de onze páginas, Fish apela, entre outras coisas, à dissolução dos mosteiros.

O panfleto torna-se no principal instrumento de propaganda, numa fase em que ainda se estava a descobrir o poder da palavra impressa. A religião, fonte de controvérsia por excelência no séc. XVI e ainda no séc. XVII, é o principal assunto dos panfletos. No entanto, a temática torna-se mais abrangente, alargando-se a assuntos de índole política, social e económica. Em 1522, um certo Gilbert Walker, publica um panfleto intitulado A Manifest Detection of the most vile and detestable use of Diceplay, onde fala do modo alguns jogadores de dados profissionais enganavam os mais incautos com dados viciados. O seu objectivo não é o de criar controvérsia, mas sim o de informar. O panfleto torna-se assim num veículo de escrita imaginativa.

Outros exemplos de panfletos famosos são a Aeropagítica de John Milton, onde a liberdade de imprensa é defendida, Senso Comum, publicado por Thomas Paine, e que contém argumentos a favor da independência americana, assim como As Cartas de José Agostinho de Macedo, panfletos onde o liberalismo é criticado. Neste género incluem-se ainda As Farpas de Ramalho Ortigão e Os Gatos de Fialho de Almeida.

{bibliografia}

Hibbard, G. R. (ed.), Three Elizabethan Pamphlets, George G. Harrap, London, 1951

http://www.tu-chemnitz.de/phil/english/real/lampeter/pamphlet.htm

http://www.mdnh.org/biblio/leon_alado/panfleto.htm

http://www.mail-archive.com/word@tlk-lists.com/msg00074.html