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A paronomásia é uma figura de retórica que consiste no emprego de vocábulos semelhantes quanto à sonoridade, mas que se diferenciam no que diz respeito ao sentido, não vindo ao caso saber se há ou não parentesco etimológico entre as palavras. Segundo a lição de Massaud Moisés (1995, p.389), o termo em discussão origina-se do grego paranomasía, em que para tem o sentido de “próximo de” e onomasía, “denominação”. A paronomásia também é chamada de trocadilho, de calembur, de parequese e de jogo de palavras.

Vejam-se alguns exemplos de paronomásia em diferentes línguas novilatinas: “Sua Eminência está na iminência de partir para o estrangeiro” (Moisés, 1995, p.389); “Il a compromis son bonheur, mais non pas son honneur” (Fontanier, 1977, p.347); “Little more than kin, and less than kind” (Shakespeare – Hamlet apud Cuddon, J. A., 1999, p. 642); “Le puso el piso en que pasa / hondo hastío; donde posa / sin coser; es otra cosa, / no lo que quiso; no casa. / Presa del piso, sin prisa, / pasa una vida de prosa.” (Unamuno apud Calderón, D. E., 2006, p. 809-10); “Traduttore, traditore”. É curioso observar, nessa ordem de considerações, como um grande tratadista como Pierre Fontanier julga a paronomásia mais conforme a certos idiomas do que a outros: “Mais il faut convenir que ces combinaisons verbales, ces jeux de mots, ont en général moins de grâce dans notre langue que dans celle des Latins” (Fontanier, 1977, p.347).

Aos olhos dos manuais de retórica e de obras afins, o humor e a sátira são os efeitos que, na maioria das vezes, se quer obter quando se usa a paronomásia. Vale ter presente, todavia, que este recurso de linguagem não se confina nos limites do mero aspecto lúdico: os escritores barrocos cultistas e conceptistas tiraram grande partido da paronomásia em seus textos, muito provavelmente porque ela, em certas realizações, revela uma especial agudeza de engenho.

Bibliografia:

Demetrio Estébanez Calderón. Diccionario de Términos Literarios (2006); J. A. Cuddon. The Penguin Dictionary of Literary Terms and Literary Theory (1999); Massaud Moisés. Dicionário de Termos Literários (1995); Pierre Fontanier. Les Figures du Discours (1977).