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Referente é tudo aquilo para que o sujeito do enunciado remete ou que designa. Existem duas modalidades de referente de um enunciado: as instâncias da enunciação, por um lado, e as coisas, os factos, as pessoas, os estados das coisas, dos factos e das pessoas, tanto reais como imaginários, pertencentes ao mundo extra-linguístico, a que o enunciado se refere, por outro lado.

As instâncias da enunciação compreendem, por um lado, as categorias do locutor e do alocutário e, por outro lado, as categorias do tempo e do espaço em que a enunciação ocorre. As instâncias da enunciação possuem a característica notável de serem manifestas ou ostensivas e de o seu valor depender, por conseguinte, dessa sua manifestação.

Os elementos extra-linguísticos constitutivos do referente podem também ser designados por mundo. O valor dos referentes extra-linguísticos são definidos pela adequação ou pela correspondência entre aquilo que o enunciado exprime e aquilo que os interlocutores verificam no mundo.

Os referentes não são os objectos existentes no mundo fenomenal, mas construções dos próprios enunciados que integram o discurso. Os enunciados podem referir-se, tanto a objectos existentes na realidade fenomenal, como a objectos existentes na realidade imaginária ou ficcional. Entre os referentes e os objectos do mundo, tanto fenomenal como imaginário, podem aliás existir vários tipos de relação. Uma mesma forma pode referir um conjunto de objectos diferentes («canto» pode designar um canto da sala, uma melodia musical ou a primeira pessoa do verbo cantar), um mesmo objecto pode ser designado através de várias expressões (o planeta Vénus é designado tanto por «estrela da manhã» ou por «estrela matutina» como por «estrela da tarde» ou por «estrela vespertina»), uma designação pode não designar nenhum objecto existente na realidade fenomenal (unicórnio, sereia, ciclope).