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Expressão inglesa quase universalmente empregada para referir um misto de incerteza, de intensa expectativa e, não raro, de ansiedade em regra experimentado perante a iminência de acontecimentos, notícias, decisões, desenlaces ou revelações considerados de extrema importância. No quadro particular da gíria literária, o termo aplica-se a uma disposição psíquica semelhante que, com graus variáveis de frequência e intensidade, se procura suscitar no receptor real de um texto quanto ao desfecho de dada ocorrência ou da generalidade da intriga. O suspense é fomentado por factores de vária ordem, como a caracterização de dada personagem, a forma como esta leva o leitor a simpatizar ou a identificar-se com ela, o teor da acção e o ritmo com que se desenrola ou o modelo de leitura sugerido pelo próprio género do texto. Quando habilmente desenvolvidos e combinados, tais factores confluem num dos artifícios mais eficazes para despertar, manter e incrementar o interesse pela obra. Em regra, induzem o receptor a aguardar com impaciência o remate da acção que assim o prende e, muitas vezes, a saltar páginas para mais rapidamente o conhecer. Em termos gerais, a criação de condições propícias ao efeito de suspense verifica-se com maior frequência em obras de índole narrativa (romance, conto, drama, filme, etc.), apenas raramente surgindo na poesia. Num plano mais específico, é inerente aos traços de certos géneros ou classes de textos (thriller, romance policial, narrativas de espionagem, de terror ou de horror, etc.) e, portanto, indissociável dos “horizontes de expectativa” por eles propostos ao receptor. Fazendo em regra coincidir o seu momento de maior intensidade com o clímax da acção, o suspense pode revestir duas variantes conforme a natureza do desfecho e o grau de conhecimento que o texto dele proporciona. A primeira ocorre quando se torna impossível prever o teor do desenlace, consistindo em saber o que, como e com quem acontecerá. A segunda surge sempre que (como, por exemplo, sucede em certas tragédias) o desenvolvimento da acção torna inevitável e, portanto, previsível um determinado final, residindo a expectativa em saber quando acontecerá. Embora vários processos de criação de suspense sejam aplicados há séculos, apresentando, por exemplo, modalidades curiosas nas narrativas oitocentistas que recorriam ao artifício denominado cliffhanger, o emprego corrente do termo em muitas línguas teve um notório incremento através do cinema, particularmente com os filmes de Alfred Hitchock.

{bibliografia}

Eric S. Rabkin, Narrative Suspense (1973)