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Considera-se didáctico o teatro que pretende instruir o seu público, convidando-o a reflectir sobre um determinado problema, a compreender uma situação ou a adoptar uma determinada atitude política ou moral.

O facto de fazer integrar o teatro de formas animadas (teatro de marionetas) na educação e no ensino, torna-se uma forma simples e prática de fazer teatro didáctico, uma vez que se torna num meio auxiliar do ensino, sem do desta forma um bom elemento pedagógico e igualmente lúdico que contribui decisivamente na formação e desenvolvimento de crianças e adultos.

Fazem parte do teatro didáctico, o teatro de carácter moral (moralidades nos finais da Idade Média), político, pedagógico (obras didácticas ou pedagógicas, o teatro de tese, as parábolas e fábulas filosóficas).

O teatro didáctico é detentor de um carácter instrutivo, pedagógico e esclarecedor de um determinado público.

Veja-se, por exemplo, o teatro brechtiano que intimamente ligado a um intuito didáctico (Mahagonny – ópera brechtiana didáctica), visa apresentar um «palco científico» capaz de esclarecer o público sobre a sociedade e a necessidade de transformá-la; capaz ao mesmo tempo de activar o público, isto é, de nele suscitar a acção transformadora. O fim didáctico exige determinadas condições, das quais se salienta o apagar da ilusão, o impacto mágico do teatro burguês. Consequentemente, surge um êxtase, uma intensa identificação nacional que transporta o espectador a esquecer-se de tudo. Espelha-se aqui a teoria da catarse, da purgação e descarga das emoções através destas suscitadas. Assim o público, uma vez purificado, abandona o teatro satisfeito, conformado e passivo.

A ideia do teatro didáctico surge, na maior parte das vezes, no âmbito de ajuda no estudo de problemas da sociedade. Veja-se o exemplo da sociedade africana que sentiu a necessidade do teatro didáctico no sentido deste poder dar um grande contributo na valorização do homem africano. Atendendo a que o teatro é a forma de comunicação mais viva e directa, ele poderá ser útil na formação do homem africano, principalmente quando usado no campo da educação (teatro sobre a alfabetização, educação sanitária, reforma agrária, história africana, formação política, etc.). Esta é uma das formas de intervir na transformação da sociedade, não apenas no plano cultural, mas também pelos sentimentos, ideias e reflexões que as manifestações culturais provocam no homem.

O teatro didáctico oferece uma excelente oportunidade de explicar a sociedade como também modificá-la. O teatro passa assim a oferecer aos filósofos uma oportunidade a não perder, no sentido de explicação das modificações do mundo e da sociedade. Na verdade, o teatro não deixa de ser teatro, mesmo quando é didáctico e, desde que seja bom, diverte.

O teatro, por ser, de natureza, a mais didáctica das artes – em que o comentário e acção se nutrem e superam -, é também a que, negativa ou positivamente, denuncia a «alienação» espiritual.

{bibliografia}

Anatol Rosenfeld, O Teatro Épico, (1997); Bertold Brecht, Estudos sobre teatro, (1957); Carlos Vaz, Para um Bom Conhecimento do Teatro Africano, (2ª Edição, 1999); Jorge de Sena, Do Teatro em Portugal, (1988)