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Tipo de crítica literária proposto por Harold Bloom, particularmente desenvolvida nas obras The Anxiety of Influence (1973), A Map of Misreading (1975), Poetry and Repression (1976a) e Figures of Capable Imagination (1976b), onde defende que a poesia resulta das misreadings que os poetas fazem de poetas anteriores que os influenciaram necessariamente. A misreading é o passo mais importante para um poeta forte (strong poet) ou um crítico forte (strong critic) se libertar dessa influência e poder fundar a obra de arte literária. O preceituário crítico de Bloom não prevê leituras correctas ou erradas, mas apenas leituras “fortes” ou “fracas”.

O que Bloom faz, portanto, é reescrever a história literária em termos do complexo de Édipo. Os poetas vivem preocupados à sombra de um poeta “forte” anterior a eles, como filhos oprimidos pelo pai; e qualquer poema pode ser lido como uma tentativa de escapar dessa “ansiedade da influência” pela remodelação sistemática de um poema anterior. O poeta, preso à rivalidade edipiana para com o seu castrante “perseguidor”, tentará anular essa força, penetrando-a de dentro, escrevendo de uma maneira que revê, desloca e modifica o poema precursor; nesse sentido, na crítica a que chama antitética, todos os poemas podem ser lidos como uma reescritura de outros poemas, e como misreadings ou incapacidade de se entenderem tais poemas, como tentativas de se isolar a sua força esmagadora, para que o poeta possa abrir espaço à sua própria originalidade imaginativa. Todo o poeta é, por assim dizer, o último de uma tradição. O poeta “forte” é aquele que tem a coragem de reconhecer esse atraso e procura enfraquecer a força do precursor.