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Artíficio da linguagem que serve para atenuar num interlocutor o eventual impacte de uma má notícia. Esta figura está próxima do eufemismo. Na literatura clássica, é um recurso frequente na fala de mensageiros de más novas, os quais, para evitar alguma catástrofe brusca, tentavam preparar psicologicamente os destinatários. Na Castro, de António Ferreira, o seguinte diálogo exemplifica o efeito da amblisia: “Messageiro: Oh triste nova, triste messageiro / Tens ante ti, Senhor. Ifante: Que novas trazes? Messageiro: Novas cruéis; cruel sou contra ti, / Pois m’atrevi trazê-las. Mas primeiro / Sossega teu esprito e nele finge / A mor desaventura que te agora / Podia acontecer; que grã remédio / É ter o esprito armado à má fortuna. Ifante: Tens-me suspenso. Conta, que acrescentas / O Mal com a tardança.” (V, ii). Este último termo “tardança”, dentro da economia do drama, pode funcionar como sinónimo de amblisia.